Manifestantes devem invadir Curitiba no depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro
Movimentos independentes, militantes e políticos do PT irão à capital do Paraná em apoio ao ex-presidente. Grupos contrários também organizam protesto
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será interrogado na quarta-feira (10) pelo juiz Sérgio Moro - (Igo Estrela/PMDB e Adriano Machado/Reuters) |
Militantes, movimentos independentes e políticos do PT se organizam para ir a Curitiba
na próxima quarta-feira (10), quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva será interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro. Lula é réu por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá, e
terá o primeiro encontro com Moro numa oitiva. O presidente do
Diretório Municipal do PT em São Paulo (DMPT-SP), Paulo Fiorillo, disse
que ainda não há um número fechado de coletivos que seguirão para a
capital do Paraná. “Ainda estamos fechando o número de pessoas
interessadas para providenciar o transporte”.
Segundo Adilson Sousa, presidente eleito do diretório zonal
Freguesia do Ó/Brasilândia do PT, os ônibus não serão ocupados
exclusivamente por filiados da sigla. “Vamos para mostrar que movimentos
sindicais, partidários e diversos setores da população não concordam
com a judicialização da política”, diz. Ele estima que 50 mil pessoas,
de todo o país, devem ir à Curitiba.
Oposição
Nas redes sociais, grupos contrários ao ex-presidente também
se organizam em eventos de protesto. Embora sem organização oficial, o
Movimento Brasil Livre (MBL) informou que alguns de seus representantes
estarão em Curitiba para fazer a cobertura da oitiva.
Sousa acredita que será planejada uma divisão entre os
grupos pró e contra Lula, o que ele avalia de forma negativa. “Acho
muito ruim esse ‘apartheid’. Quem tiver de protestar, que proteste, com
respeito ao espaço de cada um, sem agressividade ou provocação”, afirma.
“É muito negativa essa ideia de eles contra nós.”
Dias depois de Moro marcar o interrogatório de Lula, em
março, a curitibana e funcionária pública Melina Pugnaloni, de 32 anos,
começou a organizar a ida de apoiadores do petista a Curitiba. Segundo
ela, que não é filiada ao PT, houve campanha de crowdfunding na internet
e venda de rifas para arrecadar fundos.
“Não necessariamente são pessoas filiadas. Me procuraram
pelo Facebook, viram a movimentação que eu estava fazendo. O que eu fiz
foi a ponte, entre quem organizava e os interessados”, diz a curitibana,
que afirma que o apoio será pacífico. “Foi jogado um clima de terror na
população de Curitiba, no sentido de que as pessoas viriam para cá para
aterrorizar a cidade. Não é verdade.”
Melina estima que cerca de 40 ônibus seguirão de outros
Estados de forma independente, e diz que alguns curitibanos abriram suas
casas para os apoiadores que precisavam de lugar para ficar. “Eu vou
receber quatro pessoas”, afirma ela, que ajudou a montar grupos no
WhatsApp para aqueles que precisavam de carona.
Na internet, o grupo Frente Povo Independente arrecadou mais
de R$ 8,5 mil para custear dois ônibus por meio do site de
financiamento coletivo Catarse. Segundo Melina, foi feita também a
campanha “Adotando um Militante”, em que um apoiador pagava a ida do
outro que não podia.
Em manifestação no Dia do Trabalhador, na Avenida Paulista, o
Partido da Causa Operária (PCO) montou uma barraca para colher
inscrições para a caravana, e faz o mesmo em seu site, por meio de um
formulário online. Procurado pelo Estado, o partido não informou o
número de inscrições feitas. A Central Única dos Trabalhadores (CUT)
disse que não está promovendo a organização de caravanas.
Véspera
Na véspera do depoimento de Lula, o petista e seus
apoiadores vão participar de um culto ecumênico na Catedral
Metropolitana de Curitiba. A expectativa é de que quase toda a direção
nacional do PT, além de dezenas de deputados, senadores e ex-ministros
dos governos petistas, devem ir para a capital paranaense em
solidariedade ao ex-presidente.
No dia do depoimento, o PT vai promover debates políticos e
atos culturais na frente da Justiça Federal do Paraná caso Sérgio Moro
não aceite transmitir ao vivo o depoimento. Se houver a transmissão, os
petistas vão instalar um telão no local.
A ordem é evitar confrontos e manifestações de caráter
eleitoral. “Nossa orientação é para evitar confusão e não falar em
eleição ou que o Lula é candidato”, diz o ex-ministro da
Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho.
Veja com Estadão Conteúdo
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