Donald Trump falta ao jantar com correspondentes e vira alvo de piadas
Em mais um capítulo de sua guerra contra a imprensa, presidente americano esnoba tradicional encontro com jornalistas
Donald Trump em seu primeiro discurso como presidente ao Congresso dos EUA - 28/02/2017 - (Win McNamee/Getty Images/AFP) |
Pela primeira vez desde 1981 um presidente americano não compareceu ao tradicional jantar com correspondentes internacionais da Casa Branca. A ausência de Donald Trump
no evento foi uma provocação à imprensa, que tem sido classificada pelo
republicano como mentirosa e responsável por omitir informações
positivas sobre seu governo.
No jantar instituído em 1921, o presidente dos Estados Unidos
costuma pronunciar um discurso cheio de sarcasmo, no qual ri de si
mesmo e faz piada de seus adversários políticos. É uma oportunidade para
aliviar as tensões entre o governo e a imprensa.
Sem o presidente para comandar o tom da brincadeira, o
jantar descambou para a zombaria e duras críticas ao governo. O
comediante americano Hasan Minhaj, correspondente do Daily Show, insinuou em tom jocoso que o verdadeiro comandante do país seria o presidente russo Vladimir Putin, e por isso seu não comparecimento ao jantar.
Minhaj fez graça também com as insólitas opiniões do
presidente: “Vocês sabem que Donald Trump não bebe, certo? Isso é muito
respeitável. Mas pensem bem: isso significa que em todas as declarações,
todas as entrevistas, todos os tuites, ele estava completamente sóbrio.
Como isso é possível?”, brincou, arrancando gargalhadas dos jornalistas
presentes.
O ator Alec Baldwin, que recentemente provocou a ira de
Trump com uma divertida imitação do presidente, fez também uma
participação ao vivo em vídeo: “Continuem com o bom trabalho!”.
O evento foi marcado ainda por duras críticas ao
republicano. O premiado jornalista Bob Woodward, responsável por, junto
com Carl Bernstein, pela cobertura do caso Watergate, que resultou no
impeachment do presidente Richard Nixon, declarou: “Senhor Presidente, a
imprensa não é ‘notícia falsa”, em resposta ao que Trump tem afirmado. O
jornalista lembrou que o jantar é importante não apenas por estabelecer
uma boa relação entre o presidente e a imprensa, mas por representar o
direito à liberdade de expressão, garantido pela primeira emenda.
Na última vez que um líder não esteve presente, Ronald Reagan
se recuperava de uma tentativa de assassinato. Mesmo assim, prestigiou
os jornalistas e fez uma ligação com declarações amistosas.
Em 2011, Donald Trump participou do jantar e foi alvo das brincadeiras do então presidente Barack Obama. Um episódio considerado crucial pelos analistas na decisão do magnata republicano de disputar a Casa Branca.
“Lodaçal de Washington”
Enquanto acontecia o jantar, o Donald Trump participou de um
evento em Harrisburg, na Pensivânia, um dos estados-chave de sua
vitória eleitoral em novembro do ano passado.
Em um ato com tom de campanha eleitoral, o
governante aproveitou para lançar uma nova onda de críticas à imprensa.
“Não poderia estar mais emocionado de estar a mais de 150 quilômetros
do lodaçal de Washington”, disse em referência ao evento com
correspondentes que acontecia na capital americana.
Durante o discurso de quase uma hora, Trump rejeitou as críticas feitas sobre os fracassos registrados durante seus primeiros cem dias de mandato,
como a negativa do Congresso de aprovar sua reforma da lei da saúde
conhecida como Obamacare e o bloqueio dos tribunais a sua proibição de
entrada temporária nos Estados Unidos de viajantes procedentes de sete
países de maioria muçulmana.
Enfatizou que “as prioridades da imprensa não são
prioridades de vocês” e voltou a destacar que está concentrado “em
voltar a fazer os Estados Unidos grandes de novo”, seu lema de campanha.
“Se o trabalho dos meios é ser honesto e dizer a verdade
então acredito que estamos de acordo em que a imprensa merece uma
repreensão bem grande”, disse perante os aplausos dos quase 10.000
presentes.
Veja com EFE e AFP
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