Antes de ser assassinado coronel afirma que Lula havia mandado matar duas pessoas
Em seu depoimento, prestado no dia 25
de fevereiro à Comissão Estadual da Verdade do Rio, o coronel reformado
Paulo Malhães de 76 anos de idade, admitiu ter participado de seções de
tortura e admitiu que ordenou e participou de várias ocultações de
cadáver. O coronel também afirmou, entre outras coisas, que corria
perigo se falasse nomes de pessoas que hoje estão no governo. Em meio a
seu depoimento, Malhães chegou a afirmar que o ex-presidente Lula teria
sido o mandante do assassinato de dois sindicalistas.
Sem demonstrar incômodo,
Malhães defendeu a tortura como método de investigação e explicou como
mutilava cadáveres para evitar que fossem identificados. “A tortura é um
meio. Se o senhor quer saber a verdade, tem que me apertar”, disse,
acrescentando que aprova o método para presos comuns.
Questionado sobre
as mutilações de cadáveres, descreveu a prática como uma “necessidade” e
disse que os corpos não eram enterrados “para não deixar rastros”.
“Naquela época, não existia DNA. Quando você vai se desfazer de um
corpo, quais partes podem determinar quem é a pessoa? Arcada dentária e
digitais”, disse. “Quebrava os dentes. As mãos, [cortava] daqui para
cima”, explicou, apontando as próprias falanges.
Chamando as vítimas da
repressão de “terroristas”, Malhães disse não ter remorsos. “Quando vejo
uma pessoa reclamar que um ente querido morreu, pergunto: se tivesse
ficado ao lado da esposa e dos filhos, isso teria acontecido?”,
acrescentou.
Parentes de desaparecidos, ex-presos políticos e a única sobrevivente da Casa
da Morte, Inês Etienne Romeu, foram à sede do Arquivo Nacional para
ouvir o oficial. Ele só aceitou falar diante da comissão e dos
jornalistas.
Confrontado com nomes e fotos
de vítimas, Malhães alegou que não conseguia reconhecê-los. Também se
recusou a indicar colegas da repressão, com raras exceções.
Numa delas, disse ter recebido
ordem do coronel Coelho Neto, então subchefe do CIE (Centro de
Informações do Exército), para ocultar a ossada do ex-deputado Rubens
Paiva, morto em 1971. Mas afirmou não ter executado a tarefa,
contrariando o que disse recentemente aos jornais “O Dia” e “O Globo”.
Ele também apontou o coronel Cyro Guedes Etchegoyen, chefe de
contrainformações do CIE, como comandante da Casa da Morte. “Mesmo com
tantos anos de advocacia, me choquei com a descrição da mutilação de
arcadas dentárias e digitais”, disse o ex-ministro José Carlos Dias. “Eu
não diria que ele foi corajoso. É um exibicionista, um sádico.”
Lula mandou matar dois sindicalistas
Sobre a ascensão de Lula no sindicato,
Malhães afirmou que o ex-presidente Lula teria sido o mandante do
assassinato de dois sindicalistas:
Malhães – …os meandros… é… é que você
não viveu a experiência, mas há experiências fantásticas pra gente
viver. Uma é no meio dos altos poderes aquisitivos. Você vai ver cada
história que você caí duro para trás. E outra nos meandros políticos. O
Lula mandou matar dois por … (…)
CEV-RJ – O Lula mandou matar?
Malhães – Dois. Que na ordem de chegada pra ser presidente do sindicato estavam na frente dele.
CEV-RJ – Quem são, o senhor sabe os nomes?
Malhães – Não.
Malhães causou grande impacto ao
comparecer, posteriormente, à Comissão Nacional da Verdade e prestar seu
depoimento, disponibilizado em vídeo, na presença de jornalistas. A
gravação da Comissão Estadual da Verdade não foi localizada.
A morte do coronel
O coronel foi encontrado morto em sua
casa, no dia 25 de abril, após um suposto assalto. As circunstâncias do
crime ainda estão sendo investigadas.
De acordo com Nadine Borges, membro da
Comissão Estadual da Verdade do Rio que conversou com uma das filhas do
militar, a casa de Malhães foi invadida por três homens. O coronel
morava com a família na zona rural de Nova Iguaçu.
Segundo o relato, a mulher do
coronel foi amarrada e ele, morto por asfixia. Todas as armas do militar
foram roubadas. “A polícia tem que investigar a fundo esse crime. Tudo
indica que é uma queima de arquivo”, disse Borges. O presidente da
Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, também segue a mesma
linha de Borges de que a morte do coronel tenha sido “queima de
arquivo”.
Se a hipótese de queima de arquivo
pode realmente ser levantada, quem seriam os mandantes? Será que antigos
oficiais do regime militar, ou pessoas ligadas ao ex-presidente Lula,
que foi tão claramente acusado por Malhães, de ter mandado matar outros
dois sindicalistas.
Confira abaixo o depoimento de Malhães
Fonte: Folha Popular
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