Tem hora que não dá pra calar!

PACIENTE NÃO PODE RECEBER ALTA HOSPITALAR E FICAR NA PRAÇA ESPERANDO TRANSPORTE

De acordo com José Saramago, há uma regra fundamental quando se vive em sociedade, como nós estamos a viver, que é simplesmente não calar. 
Não calemos, portanto, nem que isso possa custar más interpretações, como todos nós sabemos que comumente acontece, mas também sabemos que não estamos aqui para agradar a todos. Primeiro, porque é impossível, e segundo, porque seríamos covardes se ignorássemos certos fatos.
Vamos, portanto, ao fato de hoje: 
Por volta do meio-dia desta segunda-feira (20), quando passava em frente ao hospital local, ao levar o meu filhinho de dois anos para creche, deparei-me com um cidadão com ar de preocupado acenando insistentemente e pedindo parada. Perguntou-me se eu iria para vizinha cidade de Tavares e se dava para levar ele e sua esposa até à comunidade Laje Grande, na entrada para o sítio Duvidoso, onde eles moram, a aproximadamente sete quilômetros de Juru.
Ao lhe responder que iria apenas até a creche, o entristecido senhor me falou da dificuldade que estava encontrando para transportar de volta para sua casa a esposa que se encontra enferma. Segundo ele, a mesma estava de alta hospitalar desde o início da manhã quando havia terminado de tomar o último soro, dos seis prescritos, para se submeter a um procedimento cirúrgico que está marcado para o dia 06 de março em Campina Grande. 
Ainda segundo o cidadão, haviam sido em vão todas as tentativas de adquirir um carro para levá-los em casa, inclusive solicitado a própria secretária municipal de saúde que simplesmente lhe dissera que não havia carro disponível, como se não tivesse carros locados ou para fretar em situações como estas. 
Não pensei duas vezes: sem nenhum outro interesse, senão o de servir a quem precisava, mandei-os entrar no carro e fui levá-los em casa, sem me importar se a estrada vicinal estava esburacada por conta das últimas chuvas que caíram, pois quando há boa vontade de servir, dá para passar qualquer tipo de veículo. 
Antes, porém, encontrei casualmente o vice-prefeito Eduardo Pires na calçada do seu estabelecimento comercial e pude expressar o meu desapontamento em estar fazendo aquilo que o governo municipal ou seus representantes deveriam fazer. Pois, os juruenses, em cuja maioria me incluo, neles votamos para que fatos dessa natureza jamais aconteçam com quem quer que seja - quer tenha votado nos eleitos ou não. Aliás, a gestão atual tem que fazer jus ao slogan adotado: "A grande obra é cuidar da nossa gente". 
De cuidados médicos, pois, é exatamente o que está precisando a senhora Josefa Moreira de Lima, a paciente em questão. Ela é esposa do senhor Geraldo Sebo. Quem a conheceu antes de adoecer e vê o seu estado de saúde agora, não tem coração deixá-la sentada na praça uma manhã inteira esperando que alguém tenha dó e a leve para casa.  
Além do mais, depois de amplamente divulgada através das redes sociais a ampliação da frota com a aquisição de vários veículos pela prefeitura municipal, é inadmissível faltar carro para servir um paciente no estado em que se encontra a idosa Zefinha de Geraldo Sebo.
Essa queixa poderia ser feita pessoalmente ao prefeito Luis Galvão, de quem desfruto de certa amizade. Mas, mesmo sabendo que posso ser mal compreendido, prefiro levá-la a conhecimento público a fim de evitar que fatos idênticos novamente aconteçam, muitas vezes até sem o seu conhecimento.    
Em 2004, diga-se de passagem, quando tive oportunidade de governar Juru, pedi à então nomeada secretária de saúde que não permitisse que alguém me procurasse para pedir uma ambulância ou outro tipo de veículo para transportar algum paciente. A ordem dada aos responsáveis pela área de saúde era jamais negar e prestar a assistência necessária, fosse correligionário político ou não.
Saúde é para todos!