Golpe comum nos tribunais brasileiros é alvo de críticas do Papa Francisco
Papa
Francisco alertou que pessoas estão vendendo audiências com ele próprio.
Na Internet audiências papais, que são gratuitas, chegam a R$ 150
A “venda de fumaça” é um golpe que, de tempos em
tempos, leva um juiz ao banco dos réus sem que ele tenha feito qualquer
coisa além de sua função: julgar. Para aplicá-lo, basta ao malfeitor
conhecer alguém com um processo na Justiça e pesquisar, minimamente,
como o juiz do caso costuma decidir. Com os dados em mãos, liga-se para o
envolvido na ação e o blefe está pronto: “Por uma alta quantia, eu faço
o juiz do seu caso julgar a seu favor”. O magistrado de nada sabe e
nada ganhará, mas sua decisão acaba de ser vendida.
Se o pagamento for combinado “no êxito”, ou seja, só é efetuado se a
decisão realmente for favorável, vira um negócio quase perfeito, pois o
“cliente” satisfeito pagará de bom grado e aquele que não teve a demanda
atendida não terá do que reclamar, pois nada terá desembolsado.
De vez em quando, os vendedores de fumaça são pegos, em grampos
telefônicos, vendendo os “serviços” de terceiros. Exceções, no entanto,
são as vezes em que há provas de que os juízes cujas decisões eram
vendidas faziam realmente parte do esquema.
Este tipo de negócio já foi duramente criticado pela presidente do
Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Em evento com
jornalistas, questionada sobre as gravações usadas na operação "lava
jato" com políticos dizendo que tinham ministros "garantidos" no
Supremo, a ministra foi direta: "Há blefe o tempo todo". Ela afirma que
esse tipo de discurso é algo quase corriqueiro entre advogados, que
querem convencer seus clientes de seus poderes.
"Ninguém tem a audácia de chegar a um juiz e dizer que quer isso ou
aquilo desse ou daquele jeito. A primeira atitude de um juiz ao se
deparar com isso será criminalizar, será denunciar a tentativa de
cometimento de um crime", afirmou a ministra.
Agora, quem está se preocupando com isso é o Vaticano. Em
pronunciamento na última semana, o Papa Francisco alertou que pessoas
estão vendendo audiências com ele próprio. “Para entrar nas audiências,
há o bilhete de entrada. E está escrito nele que ‘o ingresso é
completamente gratuito’. Mas eu soube que existem alguns
espertalhões que vendem os bilhetes”, criticou o pontífice, notando que
seu tempo estava sendo vendido por pessoas que ele classificou como
“delinquentes”.
O negócio ilegal por lá, no entanto, é ainda mais às claras do que os
que costumam cair em interceptações e operações brasileiras: sites na
internet ainda vendem entradas para as audiências papais cobrando preços
que chegam a R$ 150.
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