quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Chacina de família paraibana na Espanha

Mãe de Patrick sofre pelo filho preso e pelo irmão morto, uma das quatro vítimas da chacina

Publicado por: Amara Alcântara
Família morta em chacina na Espanha é velada em João Pessoa (Foto: Diogo Almeida/G1)
“Minha irmã está sofrendo hoje pela morte do irmão e pelo seu filho que foi preso”. A declaração é de Jaqueline Campos Nogueira, irmã de Marcos Nogueira, uma das quatro vítimas da chacina de Pioz, na Espanha, e tia do jovem que confessou o crime, Patrick Gouveia. Para Jaqueline, “a mãe de Patrick está sendo alvo de muitas críticas injustas”. “Ela criou três filhos, todos com a mesma educação. Nem ela nem o marido tiveram intervenção na ida de Patrick [para a Espanha]”, defende. O jovem está preso na Espanha desde que confessou o crime.
A declaração foi feita durante o velório com as urnas das cinzas da família, na manhã desta quinta-feira (12) em um cemitério de João Pessoa. As quatro urnas estão guardadas dentro do mesmo caixão e o velório acontece no Cemitério Parque das Acácias, no bairro do José Américo.
As urnas com as cinzas da família chegaram em João Pessoa na terça-feira (10), quase quatro meses após os quatro corpos terem sido encontrados em um chalé na Espanha, mas só foram liberadas na quarta-feira (11) para o velório.
Segundo Jaqueline, a decisão de viajar para a Europa foi de Patrick, que vendeu o próprio carro e comprou as passagens. “Ele já era maior de idade, foi totalmente independente”, garante.
Mãe de Marcos e avó de Patrick se emociona no velório do filho em João Pessoa (Foto: Diogo Almeida/G1)
Situação ‘pavorosa’ Jaqueline revela que a família tem dificuldades de aceitar a situação, que ela descreve como “pavorosa”, porque Patrick “era um menino que nunca deixou transparecer nenhum tipo de violência”. “Ele era educado, gostava de estar conosco, era um jovem que se dava muito com o tio [Marcos], eles andavam muito juntos aqui [na Paraíba]”, recorda.
Falando em nome da família, Jaqueline diz que em nenhum momento eles pensaram em Patrick ‘se esquivar’ da Justiça. “A nossa dor [da família de Marcos e Patrick] é muito maior porque não perdemos só quatro [parentes], perdemos cinco. É muito doloroso saber que nosso sobrinho fez uma barbárie dessa”, explica.
Também muito emocionado, o pai de Janaína, Wilton Diniz, lembrou durante o velório que o dia em que a filha e a neta (o menino mais novo nasceu na Espanha) se mudaram do Brasil foi uma “alegria total”. “Hoje é um dia em que você se depara com a família dentro de latas. Eles destruíram não apenas a vida dos quatro, mas a mim, minha família, meus filhos”, lamentou. Para ele, “a justiça dos céus já foi feita, agora cabe à justiça dos homens”.
Crime narrado pelo WhatsApp Patrick Gouveia, o sobrinho de Marcos que confessou ter matado a família, teria recebido “dicas” do amigo Marvin através do WhatsApp. O jovem de 18 anos foi preso no bairro Jardim Oceania, em João Pessoa, no dia 28 de outubro. Segundo o delegado de homicídios Reinaldo Nóbrega, o estudante Marvin Henriques Correia chegou a receber fotos e manter uma conversa em tempo real com Patrick durante a execução do crime
Marvin Henriques foi solto no dia 30 de novembro e vai responder ao processo em liberdade, cumprindo medidas cautelares, como usar tornozeleira eletrônica, ficar recolhido em casa todos os dias das 22h às 6h (horário local) e comparecer mensalmente em cartório.
Já Patrick foi preso no dia 21 de outubro, encaminhado ao presídio de Alcalá Meco, mas foi transferido ao presídio de Estremera, na província de Madri, pois estaria sendo ameaçado de morte or outros detentos latino-americanos.
Segundo o jovem confessou à polícia, não foi a primeira vez que ele sentiu vontade de matar alguém. “Três dias antes [do crime], senti a necessidade de matar. Isso acontece muitas vezes, desde os 12 anos. Quando isso acontece, eu bebo muito”, declarou o jovem em depoimento.
Marcos Nogueira, Janaína Américo e os dois filhos do casal foram encontrados mortos na Espanha (Foto: Reprodução/Facebook/Janaina Diniz Diniz)

G1

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