Ex-Chapecoense revela sonhos com queda de avião em solo colombiano
![]() |
Soares fez parte da campanha que levou a Chapecoense à Série A, em 2013 - (Foto: Aguante Comunicação/Chapecoense) |
A
tragédia com o voo 2933 da LaMia, que caiu na Colômbia matando 71
pessoas, entre elas quase todo o time da Chapecoense que disputaria a
final da Copa Sul Americana, comoveu e chocou pessoas ao redor de todo o
mundo. Mas para o jogador amazonense Soares, ex-atacante da Chape e
amigo pessoal de Bruno Rangel, maior artilheiro da história do clube e
uma das vítimas fatais do acidente, o impacto foi muito maior. O jogador
afirma que sonhou com um acidente de avião duas vezes em menos de uma
semana, sendo o última deles na noite em que a aeronave da LaMia caiu em
solo colombiano.
– Sexta-feira passada tive um sonho em que
estava caindo um avião. Na hora, até repreendi, pedindo a Deus que não
acontecesse nada com nenhuma companhia aérea e voltei a dormir. Na
terça-feira, por volta de 5h30 da manhã eu acordei assustado e até
acordei minha esposa, que me viu chorando e perguntou o que tinha
acontecido. Falei que tinha sonhado de novo com o avião caindo e ela
disse para eu orar e ir dormir que era só mais um sonho. Por costume,
peguei meu telefone, que estava carregando, para ver as mensagens e
tinha mais de quinhentas do pessoal perguntando como eu estava, se
estava bem, porque muitos deles pensavam que eu ainda estava na
Chapecoense. Quando vi uma reportagem dizendo que o avião da Chapecoense
tinha caído foi um choque. Acordei minha esposa e disse que não tinha
sido um sonho. Ali o mundo caiu para mim. Chorei muito, pensei em todos
os meus amigos ali, incluindo membros da diretoria. Comecei a me
desesperar, tentando ligar para os parentes – relatou.
Segundo
Soares, ao saber que o mórbido sonho tinha se concretizado de uma
maneira tão cruel, as primeiras reações foram de choque, desespero e
incredulidade. O jogador atualmente mora em Florianópolis com a mulher e
o filho. Com passagens por Figueirense, Fluminense, Cruzeiro, Ponte
Preta, Grêmio e vários outros clubes Brasil afora, ele fez parte do
elenco da Chapecoense em 2013, quando conheceu Bruno Rangel, um dos
amigos que fez no clube.
O jogador conta ainda que já teve outros
sonhos parecidos, envolvendo parentes e amigos, mas nunca tinha passado
pela experiência que viveu nesta terça-feira.
– Sempre que sonho
com alguém procuro ligar para saber se está tudo bem. Já sonhei com meus
irmãos, com minha mãe, amigos, e sempre ligava no outro dia dizendo o
que eu tinha sonhado. Infelizmente sonhei com isso e me desesperei na
hora, quando li a mensagem dizendo que o avião tinha caído. Nunca
imaginaria que era o avião da Chapecoense. Chorei o dia inteiro. Está
sendo difícil absorver tudo isso – contou.
O
atacante, que estava jogando em um clube do interior de Santa Catarina,
o Hercílio Dias, conta que mesmo depois que ele saiu da Chapecoense, a
amizade com Bruno Rangel seguiu firme.
– Era bem próximo do
Bruno Rangel. A filha dele e o meu filho estudavam no mesmo colégio e a
gente sempre estava junto. Além dos encontros que o clube promovia
reunindo os familiares dos jogadores, procurávamos sair em outro dia da
semana, porque tivemos uma amizade muito forte – disse.
Além
tentar entender o que aconteceu, Soares conta que o mais difícil em um
momento como esse é tentar explicar para quem não entende direito o que é
a morte, como tudo foi interrompido de uma forma tão brusca, reiterando
que pretende ir ao velório coletivo, em Chapecó.
– O mais difícil
é explicar para os filhos o que aconteceu. Explicar para o meu filho,
que adorava o “tio Bruno”, que ele não vai mais fazer gol, nem ser
artilheiro. Estou pensando seriamente em ir ao velório, só estou vendo
quando vai ser e um meio de ir. Como são apenas dois voos por dia,
estamos pensando em sair de carro de Floripa para ir à Chapecó. A viagem
dura mais ou menos nove horas – concluiu.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário