Julgamento do presidente do Senado expôs tensão de ministros no Supremo Tribunal Federal
O julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) que manteve Renan
Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, expôs a capacidade de
articulação dos ministros, mas também as rusgas internas na Corte.
Marco Aurélio Mello foi duramente criticado por Gilmar Mendes, que
chegou a sugerir o impeachment do colega. Mendes, por sua vez, virou
alvo de manifestações de ministros em plenário, como Teori Zavascki, que
se voltaram contra “juízes que comentam decisões de outros juízes”.
Nos bastidores, a avaliação no STF é de que foi também um desconforto
entre dois ministros que levou à crise da semana passada. O ministro
Dias Toffoli afirmou em nota que não atrasava a análise da ação que
decidiria se réus podem ocupar a linha sucessória – e, por esse
entendimento, não estaria poupando Calheiros – já que o processo sequer
estava em seu gabinete.
Marco Aurélio, relator, encaminhou a ação ao colega assim que a nota
foi divulgada e ironizou: disse que o processo era eletrônico e
acessível a qualquer cidadão. Dias depois, chegou a suas mãos o pedido
de afastamento de Calheiros, que foi atendido, visto internamente como
uma resposta à Toffoli para as insinuações sobre quem segurava o caso no
gabinete.
Rixas
Parte das tensões internas no Supremo é velada. Mas discussões
públicas recentes escancararam algumas rixas. A tensão entre Mendes e
Marco Aurélio não é de hoje. No grupo dos ministros mais antigos do
Tribunal, junto com o decano Celso de Mello, nenhum dos dois foge de
embates.
Em abril, quando Marco Aurélio determinou que a Câmara abrisse
impeachment contra o então vice-presidente Michel Temer, Mendes
ironizou: “Estamos sempre aprendendo com o ministro Marco Aurélio”.
Gilmar é casado com a advogada Guiomar, que trabalhava como assessora e
braço direito de Marco Aurélio Mello até se envolver com o ministro.
São públicas também as discussões entre Gilmar Mendes e Ricardo
Lewandowski. Em 2015, no plenário, no meio de uma discussão, Gilmar
Mendes disparou: “Porque eu não sou de São Bernardo (do Campo) e não
faço fraude eleitoral”, em referência à cidade onde Lewandowski se
formou e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou carreira
política.
“Eu não sou de Mato Grosso. Me desculpe, mas vossa excelência está
fazendo ilações incompatíveis com a seriedade do Supremo Tribunal
Federal”, rebateu Lewandowski.
Fonte: o sul
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