“A democracia, mesmo no Brasil, não merece esse fim”, afirma Renan Calheiros
Senador criticou decisão liminar (provisória) do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que o afastou da presidência do Senado.
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Renan Calheiros |
O
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou, em rápida entrevista nesta
terça-feira (6), a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo
Tribunal Federal (STF), que o afastou da presidência do Senado.
Ao
responder a uma pergunta sobre a decisão da Mesa Diretora do Senado de
não cumprir a decisão liminar (provisória) de Marco Aurélio Mello e
aguardar a deliberação do caso pelo plenário do STF – provavelmente
nesta quarta-feira (7) –, Renan Calheiros afirmou:
“Ao
tomar a decisão a nove dias do fim do mandato de um presidente de
poder, em decisão monocrática, a democracia, mesmo no Brasil, não merece
esse fim.
Nesta
terça, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu submeter ao plenário do
STF a liminar que afastou Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do
Senado. A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, afirmou que pautaria
com urgência assim que o caso chegasse ao plenário.
Durante
a entrevista, Renan Calheiros fez uma provocação a Marco Aurélio Mello.
Ele afirmou que já “foi obrigado” a acatar liminares “piores” do
ministro. Ele citou uma ocasião em que Marco Aurélio, segundo disse,
teria impedido o fim dos supersalários no Legislativo.
“Eu,
como presidente, já me obriguei a cumprir liminares piores do ministro
Marco Aurélio. Uma delas, eu fiz questão de cumprir, foi uma decisão do
ministro que impedia que acabássemos com os supersalários no
Legislativo”, disse.
Em
novembro, Renan Calheiros instalou uma comissão para investigar o
pagamento de supersalários a servidores públicos. “Ele ouve falar em
acabar com supersalários, ele parece tremer na alma”, declarou.
Descumprimento de ordem judicial
Técnicos do STF ouvidos pelo G1
disseram não ver a possibilidade de alguma medida por parte de Marco
Aurélio que force a saída de Renan do cargo de presidente do Senado
antes da decisão do plenário sobre o afastamento, prevista para esta
quarta.
Esses
técnicos entendem que não é possível determinar a prisão do senador por
descumprimento de ordem judicial porque a decisão de mantê-lo no cargo
foi tomada pela Mesa do Senado e não de forma individual por Renan.
Há
expectativa de que o plenário do STF confirme a decisão de Marco
Aurélio Mello, por dois motivos. Em primeiro lugar, para não constranger
um colega de Corte. Em segundo porque manter Renan no cargo iria
contrariar a posição já formada no mês passado pela maioria dos
ministros de não deixar um réu ocupar cargo da linha sucessória da
Presidência.
Na
sessão desta quarta do Supremo, apenas 9 dos 11 ministros deverão
participar da decisão sobre Renan. Luís Roberto Barroso já se declarou
impedido, por ter integrado escritório de advogados que assinaram a ação
da Rede, que levou ao afastamento do presidente do Senado. O ministro
Gilmar Mendes está em Portugal.
Se
o afastamento for suspenso pelo plenário, Renan poderia terminar o
mandato de presidente no exercício do cargo, já que a última sessão do
Senado no ano será no próximo dia 14. Em fevereiro, a Casa elege um novo
presidente, antes que o STF possa retomar a discussão sobre o
afastamento de Renan.
G1
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