Senado deve entrar com recurso contra decisão de afastar Renan da presidência

— O
presidente vai receber a notificação e deve entrar com recurso ainda
nesta terça-feira. Depois, ele vai conversar com os líderes sobre a
repercussão do afastamento dele na vida do Senado.
Diferente do
tom incisivo do líder da oposição, Lindbergh Farias (PT-RJ), que disse
nesta segunda-feira que “a pauta de Renan Calheiros foi embora com ele”,
Humberto Costa e o vice-presidente do Senado, Jorge Viana, que vai
substituir Renan na presidência da Casa, adotaram um tom bem mais
cauteloso após reunião da bancada nesta segunda-feira. Os dois
continuaram a chamar Renan de “presidente”, após reunião com o
peemedebista nesta segunda-feira.
Jorge Viana disse que vai
assumir o cargo com calma e serenidade para resolver a crise. Perguntado
se o governo perde com o afastamento de Renan, ele respondeu:
—
Imagina se eu vou julgar se o governo perde ou ganha. Amanhã,
configurado o afastamento, a crise institucional se materializa. E vou
assumir e com calma e serenidade e ver o que temos que fazer para
resolver essa crise — disse.
Viana disse que aguarda um comunicado oficial do afastamento de Renan para convocar uma reunião da Mesa.
—
Amanhã, depois de um comunicado oficial, certamente o presidente Renan e
eu vamos fazer uma reunião da Mesa — disse Viana, afirmando não saber
se a pauta de votações será alterada, como querem petistas: — Não tenho
ideia nenhuma, a gente só pode tomar alguma atitude depois de um
comunicado oficial.
Renan se recusou a receber a notificação
oficial do Supremo. Um oficial de Justiça foi até a casa dele na noite
desta segunda-feira, mas o senador alegou que não se pode receber
notificação após as 18h, segundo a lei.
Antes do episódio, em
nota, Renan avisou que só se manifestaria depois de conhecer os termos
da decisão. “O senador consultará seus advogados acerca das medidas
adequadas em face da decisão contra o Senado Federal. O senador Renan
Calheiros lembra que o Senado nunca foi ouvido na Ação de Descumprimento
de Preceito Fundamental e o julgamento não se concluiu”, dizia a nota.
Renan
foi afastado da presidência do Senado por liminar concedida pelo
ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, que concordou com os argumentos
da Rede Sustentabilidade, autor da ação, de que quem é réu não pode
fazer parte da linha de sucessão do presidente da República – no caso,
os presidentes da Câmara e do Senado e o presidente do STF. O STF abriu
na semana passada ação penal para investigar Renan por peculato — ou
seja, desviar bem público em proveito particular. O processo apura se a
empreiteira Mendes Junior pagou pensão alimentícia à jornalista Mônica
Veloso, com quem o parlamentar tem uma filha. No lugar de Renan,
assumirá a Presidência do Senado o petista Jorge Viana.
Em uma
decisão de seis páginas, o ministro narra o julgamento da ação que
questiona se réus podem ocupar cargos na linha sucessória da Presidência
da República. Lembra que já há maioria no STF para proibir réus de
ocuparem as Presidências da Câmara e do Senado, mas o julgamento foi
interrompido por um pedido de vista do ministro Toffoli e que Renan é
réu no Supremo.
“Mesmo diante da maioria absoluta já formada na
arguição de descumprimento de preceito fundamental e réu, o Senador
continua na cadeira de Presidente do Senado, ensejando manifestações de
toda ordem, a comprometerem a segurança jurídica”, diz o ministro Marco
Aurélio.
A decisão do ministro ainda deverá ser analisada pelo plenário do Supremo.
G1
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