Renan Calheiros faz piada no Senado em referência a razão pela qual virou réu

No mesmo mês em que escapou de perder o
cargo por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez uma piada em referência ao motivo
pelo qual virou réu em ação penal.
Renan conduzia a votação de um pacote
que trata do teto constitucional, visto como mais uma ofensiva do
peemedebista contra o Poder Judiciário, quando chamou publicamente a
atenção do presidente da Ajufe (Associação de Juízes Federais do
Brasil), Roberto Veloso, que conversava com senadores no fundo do
plenário.
Ao final da sessão, se desculpou e
brincou: “Nunca me dei bem com esse nome”. O presidente da Ajufe tem o
mesmo sobrenome da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan teve uma
filha fora do casamento. No começo do mês, o peemedebista se tornou réu
por peculato, acusado de desviar dinheiro público para pagar a pensão da
filha.
O momento de descontração veio após o
puxão de orelha público: “O estou vendo lá no fundo do plenário, que
está bastante incomodado com a votação dessa proposta, mas peço que seja
discreto na pressão aos senadores. Na medida em que o Senado se debruça
para apreciar essa matéria muito importante, vem propostas para
derrubar. Seria legislar para o nada dessa forma”.
Depois que Renan virou réu, ministro do
STF Marco Aurélio chegou a afastar o peemedebista do cargo em decisão
liminar (provisória), argumentando que ele não poderia estar na linha
sucessória da Presidência da República. Renan, porém, se recusou a
receber o oficial de Justiça e o Senado disse que não obedeceria a ordem
até que ela fosse confirmada pelo plenário do Supremo.
Por 6 a 3, STF manteve Renan na
presidência do Senado. Senadores, ministros do tribunal e aliados do
governo de Michel Temer articularam nos bastidores para evitar a saída
do peemedebista a fim de preservar o calendário de votações de interesse
do governo.
PACOTE
O pacote teto constitucional é fruto do
trabalho da comissão extrateto, instaurada pelo peemedebista para
analisar a legislação que trata do assunto e examinar possíveis casos.
Atualmente, o teto constitucional,
salário dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), está fixado em
R$ 33,7 mil. De acordo com Renan, o Legislativo já regulamentou os
salários de seus servidores, mas ainda há casos de rendimentos
“astronômicos, na casa dos R$ 80, 90, 100 mil”.
Desde que a comissão foi instalada no
Senado, em 10 de novembro, associações de magistrados têm se posicionado
contrárias à proposta. Em nota Veloso afirmou que “os maiores salários
da administração pública estão entre os servidores da Câmara e do
Senado, com ascensoristas ganhando mais do que ministros do Supremo
Tribunal Federal”.
Folha de São Paulo
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