Delações preocupam presidente Michel Temer, e ordem é ‘esperar poeira baixar’
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Presidente Michel Temer em visita a Fortaleza nesta sexta-feira (9) |
Preocupado com os efeitos que a delação da Odebrecht pode
causar em seu governo, o presidente Michel Temer pediu cautela a
aliados para analisar os detalhes das denúncias que o levavam, junto com
seus principais auxiliares, ao centro da Operação Lava Jato. Segundo
assessores do presidente, a ordem é “esperar a poeira baixar” antes de
traçar prognósticos.
Aliados de Temer reconhecem que o momento é
delicado, já que as denúncias envolvem o governo como um todo e, por
isso, defendem, é preciso avaliar a extensão das delações para não tomar
“decisões precipitadas”.
Segundo integrantes do Planalto, Temer é
um político experiente e está tranquilo. Ele tem conversado com os
assessores mais próximos, inclusive aqueles citados nas delações, mas
quer evitar imprimir qualquer caráter de reunião emergencial a possíveis
encontros durante o fim de semana.
O peemedebista voltou a Brasília de sua primeira viagem ao Nordeste como presidente na noite de sexta-feira (9), quando o site de notícias BuzzFeed divulgou a informação, confirmada pela Folha,
de que um ex-executivo da Odebrecht envolvia Temer e seus principais
aliados na Lava Jato. Desde então, ele tem acompanhado os desdobramentos
das denúncias.
Em acordo de delação premiada, Cláudio Melo Filho,
ex-executivo da Odebrecht, afirmou ter entregado em 2014 dinheiro no
escritório de advocacia de José Yunes, amigo e assessor de Temer.
Os
recursos, segundo o ex-executivo da empreiteira, faziam parte de um
valor total de R$ 10 milhões prometidos ao PMDB na campanha eleitoral
daquele ano de maneira não contabilizada oficialmente.
Ainda de
acordo com Melo Filho, o dinheiro foi negociado em um jantar no Palácio
do Jaburu, em maio de 2014, com a presença de Temer, do atual ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo
e preso em Curitiba.
Além de Temer, Padilha e Yunes, o
ex-executivo cita ao menos outros 20 políticos, entre eles, o secretário
de Parcerias e Investimentos do governo, Moreira Franco, o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira
(PMDB-CE).
Todos negam ter cometido qualquer irregularidade.
A
assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, por sua vez, disse que a
contribuição de campanha acertada com Marcelo Odebrecht, no valor de R$
10 milhões, foi feita por meio de transferência bancária e registrada
na Justiça Eleitoral, referente à campanha eleitoral de 2014, e que não
houve recebimento destes recursos em dinheiro.
Em relação ao
assessor José Yunes, a assessoria da Presidência da República disse que
ele nega ter recebido da Odebrecht qualquer quantia em dinheiro na
campanha de 2014 e que não se reuniu com Cláudio Melo Filho em seu
escritório, em São Paulo.
Em nota oficial divulgada na sexta, Temer afirmou repudiar “com veemência as falsas acusações”.
“As
doações feitas pela Construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por
transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem
entrega em dinheiro a pedido do presidente”, diz a nota assinada pela
assessoria do Planalto.
Uol
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