Ministros do Tribunal Superior Eleitoral sinalizam perdão ao caixa dois
Gilmar Mendes defende a criação da lei que puna atos futuros
Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sinalizaram que
poderão perdoar quem praticou o crime de caixa dois, a movimentação
financeira não declarada à Justiça Eleitoral. O argumento dos
magistrados é o de que a tipificação do caixa dois não pode retroagir para
prejudicar o réu.
O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, é um dos que defendem a
criação de uma lei, mas que puna atos a partir de quando a legislação
vigorar. "Não há jurisprudência consolidada sobre a aplicação do artigo
350 do Código Eleitoral na matéria [caixa dois]. Penso que
majoritariamente entende-se hoje que o fato é atípico. Daí a necessidade
de regulação", disse Mendes. Segundo o ministro, sem uma lei
específica, é impossível que se aplique a punição a atos passados.
O ministro Henrique Neves, também do TSE, é outro a defender a
criminalização específica, mas com "anistia explícita" a quem já
praticou. "A anistia teria que ser explícita, teria que dizer que os
fatos anteriores à edição da lei ficam anistiados", disse o magistrado.
Já o ministro Admar Gonzaga acredita que, mesmo com a aprovação de nova
legislação, quem já praticou caixa dois pode ser enquadrado. "Penso que
é necessária uma tipificação específica para essa prática, com penas
mais graves. Entendo que não causaria necessariamente uma anistia
porquanto os casos pretéritos prosseguiriam sendo analisados pela norma
que trata da falsidade ideológica, ainda que muito branda.
A sinalização do TSE tem correspondência no Congresso Nacional. Às
vésperas da delação premiada de Marcelo Odebrecht e outros 50 execuvivos
da maior construtora do País, parlamentares discutem uma forma de
anistiar quem estiver no foco da operação Lava Jato. No Poder Executivo,
a proposta é bem vinda. O secretário de Governo de Michel Temer, Geddel
Vieira Lima, já declarou ser "pessoalmente" favorável à anistia para
quem não declarou dinheiro em campanha eleitoral.
O assunto voltou à pauta agora em meio ao pacote de medidas que visa
combater a corrupção apresentado ao Congresso pelo Ministério Público
Federal. O projeto deve ser votado na comissão especial da Câmara nesta
semana. Partidos querem levá-lo a plenário rapidamente, com
possibilidade de apresentação de uma emenda deixando clara a anistia aos
crimes pretéritos.
WSCOM
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