Cerveró nega influência de Lula em sua nomeação ao alto escalão da Petrobras
Nestor Cerveró é delator da operação e testemunha de acusação
Em depoimento na ação penal que tem como réu o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, no âmbito da operação Lava Jato, o ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou nesta
quinta-feira (24) que não conhecia e não teve contato com o
ex-presidente quando assumiu o cargo na Petrobrás, em 2003.
“Não houve negociação com o Lula. Eu soube que quem fazia essas
indicações na época era o ministro Zé Dirceu. Não conheci o presidente
Lula nessa época e não sei de nenhuma interferência dele neste caso”,
afirmou.
O ex-diretor também afirmou que quando assumiu o cargo, não firmou
nenhum acordo para pagamento de propina ou arrecadação para fundos
partidários. ” Anteriormente a minha nomeção eu não fiz nenhum tipo de
acordo preliminar de qualquer tipo de compromisso nesse sentido. Depois
da minha nomeação aconteceu, como já descrevi em outros depoimentos”,
afirmou.
Em depoimento no dia 8 de novembro Cerveró afirmou que Lula o teria
indicado ao cargo de diretor financeiro na estatal, em 2008, como
agradecimento pela atuação do ex-diretor pelo perdão de uma dívida de R$
12 milhões do PT, junto ao banco Schahin, com recursos de um contrato
da estatal.
“Não foi um reconhecimento oficial, mas foi um motivo de reconhecimento
que levou o presidente Lula a me indicar para a BR Distribuidora. Isso
me foi dito pelo pessoal da Schahin”, afirmou em depoimento. “A
informação que me foi dada é que isso seria um reconhecimento do
trabalho que eu havia feito na liquidação da dívida do PT em 2006. Eu
tinha conseguido através da contratação da Schahin Óleo e Gás, operadora
de uma das sondas que nós contratamos”, acrescentou Cerveró.
No depoimento de hoje (24) Cerveró reafirmou o depoimento do início do
mês. O ex-diretor afirma que precisou sair da diretoria da área
internacional por negociações políticas e que foi informado
posteriormente pelo ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, que
em reunião um dia antes do conselho Lula o teria indicado ao cargo de
diretor financeiro. “Eu teria que sair do cargo e Lula falou para o
conselho me indicar para a outra diretoria que estava vazia na época,
mas isso é o que ele me disse”, afirmou.
No depoimento desta quinta-feira, Cerveró voltou a afirmar que o
ex-senador Delcídio do Amaral, que também responde a um processo no
âmbito da Lava Jato, recebeu propinas em relação as Alstom e GE. Ele
lembrou do caso envolvendo a gravação em que Delcídio aparece pedindo
para que não fosse citado no depoimento de delação premiada do
ex-diretor.
Sobre o triplex no Condominio Solaris, apontado pelo MPF como do
ex-presidente Lula, Cerveró foi incisivo em dizer que não conhece o
local. “Eu não conheço nem o Guarujá. A informação que eu tenho é a da
mídia”, disse.
Sobre o período em que Cerveró deixou a diretoria da área internacional
para ocupar cargo na BR Distribuidora, Moro questionou sobre os motivos
que o fizeram deixar o a posição já que ele poderia ter permanecido
caso atendesse interesses financeiros de grupos políticos ligados à
Câmara. Segundo Cerveró, a forma que o acordo foi colocado, com
pagamentos mensais, seria uma “loucura”. “Uma coisa é uma contribuição
que pode surgir de determinado negócio outra é a maneira como o acordo
foi colocado, com pagamentos mensais como uma mesada, isso é uma
loucura. Isso não é uma possibilidade e eu disse que não poderia atender
este tipo de compromisso”, declarou.
PARANAPORTAL/UOL
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