Silêncio toma conta de noite cubana após morte do ex-presidente Fidel Castro
Foram proibidos a venda de bebidas alcóolicas e shows de dança e música

A noite cubana se transformou com a morte do ditador Fidel Castro. O
luto nacional de nove dias proíbe a venda de bebidas alcoólicas e shows
de música e dança.
"Não é a mesma Cuba de ontem", afirmou à Folha a turista americana Jane Marvene, 63.
Em Trinidad, cidade histórica de Cuba a 300 km da capital Havana,
poucos turistas buscavam o que fazer na mesma praça onde, uma noite
antes, um show de salsa entreteve centenas até a meia-noite.
No mesmo horário deste domingo (27), havia cerca de 30 pessoas no local. "É muito estranho", completa Marvene.
O cubano Alex Vazquez, 19, ficou especialmente chateado por fazer aniversário na próxima quarta (30), durante o luto nacional.
"Não posso comemorar, não posso dançar, não posso fazer nada", disse.
"Sentimos muito a morte do comandante, mas isso se sente na alma, no coração e na mente, não é necessário tirar a música".
Vazquez, que trabalha em um bar e estuda economia, afirmou ainda estar
igualmente triste tanto pela morte do líder cubano, como pela falta de
festas.
Ele e muitos turistas estavam em discotecas na noite de sexta, quando a
música foi subitamente interrompida por volta de 1h e a morte de Fidel
foi anunciada. "Todos saíram da discoteca", disse.
Jackie Lane, 29, uma turista americana, também soube da notícia quando a
balada foi suspensa. "Eu não posso culpar as pessoas, eu entendo o
luto", disse.
Lane era uma das poucas na praça na noite de sábado, e lia notícias
sobre a morte do ditador, já que, durante o dia, não obteve muita
informação na cidade.
"As pessoas não falam disso, não expressam opinião, continuam seus negócios normalmente", afirmou.
SEM CLIENTES
Se pela manhã as atividades seguiram sua rotina, à noite os
restaurantes fecharam as portas mais cedo - se viam garçons sentados do
lado de fora, à espera de clientes.
"Para o negócio é ruim, se vende menos, mas fazemos isso por respeito", diz Carlos Arenzibila, 26, dono de um bar.
Nem todos, porém, seguiram a regra. Em um dos estabelecimentos, era
possível conseguir piña colada, por exemplo, mas mojito, mais
tradicional e difícil de disfarçar, não.
"É um prejuízo para o turismo", afirma o italiano Alberto Rossi, 29. "Nós viajamos 12 horas de voo para chegar aqui."
Marco Villoes, 31, também italiano, reclama: "o luto deveria ser uma emoção nas pessoas e não uma imposição do governo".
Folha de SP
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