Juiz Eleitoral diz que Anthony Garotinho é ‘prefeito de fato’ da cidade de Campos
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Ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho |
O
juiz da 100ª Zona Eleitoral, Glaucenir Silva de Oliveira, citou da
decisão da prisão preventiva que o ex-governador Anthony Garotinho,
secretário de Governo em Campos, é o “prefeito de fato” no município. O
magistrado afirma que Garotinho exerceu os cargos de prefeito da cidade,
governador do Rio e deputado federal e, com isso, amealhou inúmeros
contatos políticos que lhe garantiram notória hegemonia política local.
Por essa razão, diz o magistrado, o ex-governador detém considerável e
inafastável poder sobre pessoas e órgãos públicos.
“Não obstante
toda ilicitude demonstrada pelo farto arcabouço probatório constante dos
autos, é de se ressaltar que o réu é realmente uma figura política
proeminente na gestão deste município, sendo considerado pelas
autoridades do Legislativo e do Executivo municipal como o prefeito de
fato, ocupando a cadeira de secretário do Governo enquanto sua esposa
exerce o cargo de prefeita formal”, apontou o juiz na decisão em que
determina a prisão de Garotinho.
Garotinho foi preso na manhã
desta quarta-feira em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. Na
superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, onde prestou
depoimento, ele passou mal e acabou sendo encaminhado ao hospital
municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, no início da noite. Segundo a
PF, após receber alta do hospital, o ex-governador será levado para o
presídio Frederico Marques, unidade no Complexo de Bangu. A cadeia foi
escolhida porque tem estrutura de atendimento médico suficiente para o
quadro de desidratação que Garotinho apresentou.
O juiz afirma que
o ex-governador usa desse poder para, cotidianamente, criticar e
execrar todos os que, de alguma forma, se insurjam contra os seus
comandos, incluindo autoridades políticas, policiais, membros do
Ministério Público e do Judiciário.
Segundo o magistrado, a prisão
preventiva (sem prazo) é uma medida extrema que serve para garantir a
ordem pública, evitando que o ex-governador continue usando os meios de
comunicação que domina em Campos para causar estado de temor e
insegurança jurídica.
JUIZ VÊ INTIMIDAÇÃO
Glaucenir
Silva de Oliveira diz ainda que, sempre que Garotinho tem seus
interesses contrariados pela Justiça, tenta denegrir a imagem dos
magistrados, imputando-lhes a pecha de suspeitos para julgar os
processos. Sendo assim, conclui o magistrado, é evidente que o
ex-governador exerce poder de intimidação sobre pessoas comuns.
Garotinho
foi acusado de comandar esquema de corrupção eleitoral em Camposdos
Goytacases, com o uso do cheque cidadão, benefício que prevê pagamento
mensal à população de baixa renda. O ex-governador também foi acusado de
coação de testemunhas. Garotinho é secretário de Governo de Campos,
governado pela mulher dele, a ex-governadora Rosinha Garotinho.
Delegado responsável pelas investigações, Paulo Cassiano afirmou que Garotinho praticava “intimidação verbal”.
–
Ele atrapalhava as investigações com coação a testemunhas, destruição
de provas e tentativa de intimidação das pessoas na cidade de maneira
geral, mediante a disseminação de um clima de terror. Sexo verbal não
agradava ao Renato Russo, e intimidação verbal não me agrada, não faz
meu estilo – disse, em referência à música “Eu sei”, da Legião Urbana.
Cassiano ressaltou que o critério técnico para a inclusão de beneficiários no cadastro do cheque-cidadão foi ignorado:
–
Essas inclusões (no cadastro do cheque-cidadão) foram feitas pela via
política. Candidatos a vereador receberam autorização para cada um,
dentro de uma cota, estabelecida pelo senhor Anthony Garotinho,
distribuir nos seus redutos eleitorais o cheque-cidadão. Com que
objetivo? Ganhar votos, vencer as eleições e se perpetuar no poder.
O
delegado disse ainda que as investigações não apontaram para a
participação da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, mulher do
ex-governador.
– Nenhuma informação nos conduziu à participação
dela ou ao conhecimento dela. Todas as informações convergem para a
figura do secretário de Governo (Garotinho).
A defesa do ex-governador nega as acusações e ingressou hoje com pedido de habeas corpus para que ele saia da prisão.
G1
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