02 DE NOVEMBRO: DATA EM QUE SE COMEMORA O DIA DOS FIEIS DEFUNTOS, DIA DE FINADOS OU DIA DOS MORTOS

Os finados, os falecidos, sempre estiveram presentes nas celebrações da Igreja
e no Memento dos mortos no cânon da missa, desde os primórdios do Cristianismo.
Porque então a liturgia cristã interessou-se pelos mortos também fora do memento
da missa? Porque a Igreja dedicou um dia exclusivo à lembrança dos finados?
Os mártires, a perseguição, os “encontros” e orações em catacumbas,
cemitérios e áreas isoladas marcaram o início da vida eclesial de muitos cristãos.
Os mais antigos sacramentários romanos atestam o uso de missas pelos defuntos.
Não sendo realizadas nos funerais (devido perseguições etc.), as celebrações
funerárias aconteciam depois, como co-memoração. A essa prática estão vinculadas
diretamente às missas de sétimo e trinta dias.
Paralelamente surgiu o registro dos vivos e mortos a serem lembrados nas
missas, como pratica-se ainda hoje em toda a Igreja. Esse costume está bem
documentado na época carolíngia (IX-X séculos). Isso tomou o lugar dos antigos
dípticos, tabuinhas de cera onde figuravam os nomes dos doadores de oferendas.
Esses registros eram chamados de livros da vida (Libri vitae) e, como foi
dito, incluíam vivos e mortos. Depois, os mortos foram separados dos vivos
nessas listas. Desde o século VII (Irlanda), escreviam-se os nomes dos mortos
em rolos que circulavam como informação entre monastérios e comunidades. Era
também uma maneira de comunicar a morte de monges e membros das comunidades,
num contexto carente de meios de informação, muito diferente dos dias de hoje.
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| Cemitério São Joáo Batista, em Juru - PB. |
Dessa tradição surgiram as necrologias (lidas nos ofícios) e obtuários (lembrando
serviços fundados ou obras de misericórdia dos defuntos em suas datas).
Passou-se claramente das menções globais aos nomes individuais. Os libri
memorialis carolingianos continham de 15.000 a 40.000 nomes a serem lembrados!
As necrologias clunisianas (Abadia de Cluni na França) mencionavam de 40 a
50 nomes por dia! A lembrança litúrgica estava garantida duravelmente aos
mortos nominalmente inscritos. Rapidamente, em toda a Igreja, o tempo da morte
individual se impõe doravante nos registros mortuários.
Existe uma importante contribuição e originalidade clunisiana no cuidado
devido aos mortos pela Igreja que corresponde aos anseios da comunidade e
à visão de uma Igreja Peregrina em comunhão com a Igreja Transcedental ou
Triunfante (comunhão dos santos). Entretanto, um certo caráter elitista marcava
essa união dos vivos com os mortos, pois dizia respeito, em geral, aos grupos
dirigentes. Por essas razões, a Igreja decidiu estender à totalidade dos mortos,
de forma solene, uma vez por ano, essa atenção litúrgica.
No século XI, entre 1024 e 1033, Cluni instituiu a comemoração dos mortos
no dia 2 de novembro, em contato com a festa de todos os santos. A Festa dos
Mortos será rapidamente celebrada em todo mundo cristão e pagão. Ela surge
como um vínculo suplementar entre vivos e mortos na prática da Igreja, destinada
a todos. O próprio mundo profano, em geral, também vai aderir a essa prática.
Trata-se hoje de um dos feriados mais universais. São cerca de 1000 anos de
celebração de Finados pela fé na ressurreição!
Fonte: www.ccfc.com.br


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