Metade dos servidores estaduais na ativa poderá se aposentar até 26
Ao
longo dos próximos 10 anos, 48% dos servidores estaduais hoje na ativa –
praticamente a metade da força de trabalho – terão direito a pedir a
aposentadoria. Serão 1,8 milhão de funcionários públicos com direito a
reivindicar um pecúlio para o resto da vida. “Pelas regras atuais, os
sistemas previdenciários estaduais não vão suportar a conta e a crise,
hoje concentrada em alguns Estados, vai se espalhar”, diz o economista
Nelson Marconi, professor da Fundação Getúlio Vargas e autor do
levantamento.
Parte do fenômeno tem razões históricas. Como lembra
o economista Paulo Tafner, especialista em Previdência, a concentração
de aposentadorias nos próximos anos deriva de um boom de contratações
que ocorreu em praticamente em todas as esferas do setor público no
final dos anos 80 e início dos anos 90, durante a redemocratização. A
Constituição de 1988 reforçou o processo, ao ampliar as obrigações de
Estados e municípios nas áreas de educação, saúde e segurança, que
dependem de muita mão de obra.
Pesa também o fato de duas
categorias, professores e policiais, cujas contrações estão concentradas
nos Estados, terem direito a aposentadorias especiais. Professores
podem se aposentar com 50 anos. Em vários Estados, policiais têm entrado
com pedido de aposentadoria aos 46, 47 anos de idade. Essa
peculiaridade, inclusive, precisou ser considerada na pesquisa. Marconi
adotou uma média ponderada para incluir as aposentadorias precoces no
levantamento.
O problema ocorreria de qualquer maneira, mas tem
pelo menos dois agravantes: chega no momento em que o brasileiro começa a
ficar mais velho e a viver mais, o que eleva e prolonga os gastos da
Previdência, e quando o País mergulha na mais profunda crise econômica
da história – o que reduz a arrecadação que deveria suportar aumentos
nos próximos anos.
“A recessão, a crise de crédito e de
setores-chave para a arrecadação agravaram e anteciparam a crise
estrutural da Previdência: servidores trabalham menos tempo para ficar
mais tempo aposentados e não é a toa que há uma razoável correlação
entre o tamanho da Previdência própria dos Estados e a crise financeira
de muitos deles”, diz economista Jose Roberto Afonso, pesquisador do
Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
De
fato, nos dois Estados em situação financeira mais frágil – falta
dinheiro até para a folha de pessoal – há fortes desequilíbrios na
Previdência. No Rio, a previsão é que as contas estaduais encerrem o ano
com um rombo de 17,5 bilhões de reais – 12 bilhões de reais vêm do
sistema previdenciário. No Rio Grande do Sul, 56% da folha de pagamento
do funcionalismo vai para aposentados e pensionistas.
Veja

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