Michel Temer diz que reforma da previdência atingirá classe política
O esboço do projeto promete igualar os setores público e privado
O presidente Michel Temer afirmou que a reforma da Previdência atingirá
todos os setores de forma equânime, inclusive a classe política. Hoje,
os parlamentares têm um regime próprio de previdência, por exemplo. O
presidente não soube dizer, no entanto, como será o funcionamento, pois
só recebeu um esboço breve sobre o assunto. Ele ainda esclareceu que a
reforma também será enviada ao Congresso na forma de Projeto de Emenda à
Constituição.
"Recebi um primeiro esboço da reforma e olharei mais atentamente após a
viagem à Índia e ao Japão, mas vai ser geral, vai atingir a todos,
evidentemente vamos fazer uma coisa equânime, não vai ter distinção de
setores. Por exemplo, não vai ter diferença entre a previdência geral e a
de funcionários públicos. Esse é um ponto que já está definido", disse
em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira.
No caso dos militares, que também têm um regime especial de
previdência, o presidente reforçou que ainda não sabe como vai
funcionar, mas lembrou que a categoria sempre teve tratamento
diferenciado em função das peculiaridades da carreira.
Temer reconheceu que a discussão sobre as mudanças na aposentadoria
será mais "polemizada", mas disse que o governo fará ainda mais reuniões
do que fez para debater a PEC do Teto, porque tem consciência de que,
se nada for feito, "daqui a alguns anos, não vai haver dinheiro para
pagar a aposentadoria."
O presidente ainda disse que espera a resistência de alguns setores da
sociedade sobre as mudanças na previdência, mas disse que o governo vai
enfrentá-la. E reforçou que vai conversar com as centrais sindicais,
empresários e parlamentares sobre o assunto. "Qualquer acréscimo na
previdência vai ter resistência, mas faz parte e vamos enfrentar. Meu
lema é o diálogo"
Temer disse que os governadores o procuraram em função de um movimento
nacional para aumentar a contribuição previdenciária de 11% para 14%.
Ele pediu para que eles se reúnam para decidir o tema e depois retornem
para discutir o assunto, que pode ser alterado por meio de projeto de
lei.
Sacrifícios
Temer afirmou que a aprovação da PEC 241 em primeiro turno ontem por um
placar expressivo "tem gerado uma credibilidade cada vez maior na nossa
economia", mas destacou que ainda serão feitos sacrifícios pelo governo
e cidadãos. "Não foram poucas as manifestações de natureza nacional e
internacional para revelar que o Brasil é um país sério, que leva a
sério as contas públicas", afirmou.
"Se haverá sacrifícios? É possível, uma ou outra coisa, mas em que todos colaboraremos", completou.
O presidente disse que está "realmente trabalhando" para reunificar o
país e voltou a falar sobre a necessidade de sacrifícios. "Estamos
trabalhando pela pacificação nacional que passa muitas e muitas vezes
por aparentes sacrifícios", afirmou.
Temer voltou a rebater os argumentos de muitos que "levantaram a voz"
para dizer que a proposta acaba com investimentos em saúde e educação.
"Eu quero registrar pela enésima vez que isso não vai acontecer", disse,
ressaltando que as áreas são importantes para o governo e que isso foi
"bem compreendido pela Câmara". O presidente disse ainda que esse
"primeiro gesto" de aprovar a PEC vai ajudar na retomada da confiança e
do crescimento.
A medida é tida pelo governo como crucial para o reequilíbrio das
contas e deve ser a marca da gestão Temer. Segundo um interlocutor do
Planalto, o presidente quer que a medida seja o verdadeiro legado de seu
governo ao País, a exemplo do que foi o Plano Real do governo Fernando
Henrique Cardoso.
Temer disse ainda que é preciso "fechar os ralos da administração
pública" e citou as medidas de revisão de auxílio doença e seguro de
acidente de trabalho, que com uma readequação podem gerar uma economia
de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões. O presidente disse ainda que "não sem
razão" manteve os programas sociais do governo da ex-presidente Dilma
Rousseff. "Não só mantivemos como revalorizamos", afirmou.
Estadão
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