Lava Jato propõe quatro anos de prisão ao ex-presidente Marcelo Odebrecht
Marcelo Odebrecht foi preso na 14ª fase da Lava Jato |
Na negociação de delação premiada,
os investigadores da Operação Lava Jato apresentaram proposta para que o
ex-presidente e herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, cumpra
pena de quatro anos em regime fechado por sua atuação no esquema de
desvios da Petrobras.
Segundo a Folha apurou,
a Procuradoria-Geral da República entregou envelope fechado com a pena
aos advogados da empreiteira na segunda-feira (3) em Brasília.
Desses quatro anos, um e quatro meses seriam abatidos por já terem sido cumpridos pelo executivo, preso desde junho de 2015 em Curitiba.
A
defesa de Odebrecht, porém, vai tentar reduzir a punição, alegando que é
muito rígida diante do conteúdo apresentando pelo empresário em seu
roteiro para fechar a delação premiada.
Além
de Odebrecht, outros executivos da empreiteira receberam propostas de
pena em troca de colaboração. A empresa tenta aprovar acordo de delação
para mais de 50 executivos do grupo, entre eles, o ex-presidente.
Uma
multa bilionária também está sendo negociada. O valor deve ser bem
superior aos fechados em acordo com a Andrade Gutierrez, de R$ 1 bilhão,
e a Camargo Corrêa, de R$ 700 milhões.
A
expectativa dos envolvidos é que os acordos de pena e leniência sejam
assinados em duas semanas e homologados pela Justiça até o final do mês
de novembro.
Em
março deste ano, o juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato na Justiça
Federal, condenou Marcelo Odebrecht a 19 anos e quatro meses de prisão
por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Entre os
benefícios para o empreiteiro fechar uma delação premiada estaria,
justamente, a redução dessa pena.
Desde
que iniciou as conversas para fechar a colaboração com a Justiça, o
ex-presidente da Odebrecht já se reuniu com integrantes da força-tarefa
da operação pelo menos três vezes, em encontros que duraram mais de
cinco horas cada um.
Neles,
deu detalhes sobre o funcionamento do esquema montado entre a empresa,
políticos e funcionários da Petrobras, resultando em um anexo de mais de
90 páginas.
O
desejo da defesa é que o executivo deixe a prisão em Curitiba assim que
o acordo de delação for homologado pelo ministro Teori Zavascki,
relator da Lava Jato do STF (Supremo Tribunal Federal).
Pelos
planos da Odebrecht, Marcelo estaria solto para passar as festas de fim
de ano com sua família. Mas, diante da proposta de pena de quatro anos,
os advogados querem que o executivo tenha, ao menos, o direito de
passar o Natal em casa.
A
delação da Odebrecht é uma das mais aguardadas pela força-tarefa da
Lava Jato. Nas conversas preliminares, políticos de vários partidos
foram mencionados, entre eles os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o
presidente Michel Temer, o tucano José Serra (ministro de Relações
Exteriores), governadores e parlamentares. Todos negam irregularidades.
PENAS ALTAS
Pessoas
com acesso às investigações relatam, contudo, que as propostas de penas
feitas aos executivos da Odebrecht foram consideradas “muito altas”
para a atuação dos funcionários.
Um
executivo com atuação vista como “periférica”, por exemplo, recebeu
proposta para cumprir dois anos em regime domiciliar fechado, seguidos
de mais dois em regime domiciliar semiaberto.
A Odebrecht e a PGR não se manifestam publicamente sobre o assunto, tratado sigilosamente.
Uol
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