Ellen Rocche festeja sucesso em ensaio como a ruiva curvilínea Jessica Rabbit
A intérpetre da hilária Leonora, uma ex-BBB fracassada, conta que nunca levou cantada chula
Contrariando certas “previsões” de que poderia ser ofuscada por Malu
Mader e Carolina Ferraz ao formar o trio cômico de “Haja coração”, Ellen Rocche, no alto de seu 1,76m, deu um tapa de luva de pelica nos incrédulos com uma bela atuação.
— Para quem julga sem saber, eu respondo com trabalho — avisa a
intérprete da hilária Leonora, uma ex-BBB fracassada, capaz das maiores
bizarrices pela fama, que chega à reta final da trama de Daniel Ortiz na
boca do povo: — Estou realizada. Leonora é apaixonante, mas poderia
cair no caricato. É difícil fazer uma mulher toupeira e mostrar que ela é
de verdade. A gente sabe que existem pessoas loucas pela fama, temos
provas na internet, mas quis buscar uma humanidade. Ela quer ser diva,
passa a perna nos outros, só que é uma coitada.
Parte do sucesso, a atriz atribui às parceiras de cena e reforça que a química bateu de cara:
— Eu não teria conseguido esse destaque se não fossem Carolina e Malu.
Na primeira leitura, a gente teve uma crise de riso e a conexão começou
ali. Elas me deram um grande apoio.
A ruiva curvílinea conta que nunca levou cantada chula - Foto: Roberto Moreyra |
Para esta reportagem de capa, Ellen virou a personificação da maior
sex symbol das animações da Disney, a ruiva curvilínea Jessica Rabbit
(do filme “Uma cilada para Roger Rabbit”, 1988).
— Em comum com Jessica, tenho pouco. Mas ela é minha inspiração para
algumas personagens, principalmente em fotos sensuais. Eu a vejo como
uma variação de Marilyn Monroe, só que mais picante. Se eu fosse uma
figura da Disney seria outra. Estou mais para Elsa de “Frozen”, a irmã
querida, família, que cuida, preocupada — compara.
Em 20 anos de carreira, acredite, esta é a primeira vez que Ellen é
chamada nas ruas pelo nome da personagem. Na caminhada para provar que
vai além de um corpaço, aprendeu a lidar com olhares de reprovação. Sem
se vitimar:
— Preconceito sempre existe, eu também tenho às vezes. Mas, para me
transformar num ser humano melhor, numa atriz melhor, não posso julgar.
Quando a gente julga, perde o frescor. Se percebo essa energia, tento
neutralizá-la, porque temos de tudo dentro da gente: inveja, raiva...
Sempre tive um jeito meio Pollyanna, meio Teletubbie na vida. Acho tudo
lindo e isso é ótimo, porque me blinda para não ver a maldade nos
outros. Sabe aquele olhar de “Será que ela vai dar conta?”. Só que isso
me motiva a virar o jogo.
Em ensaio inspirado em Jessica Rabbit, ela diz que está mais para Elsa do ‘Frozen’ - Foto: Roberto Moreyra |
Sem hipocrisia, a artista não luta contra sua beleza. Ellen soube
tirar proveito dos atributos físicos que Deus lhe deu. O que incomoda,
segundo ela, “não é a sensualidade, é a falta de oportunidade”. Mas hoje
não se dá o direito de reclamar. Considera-se uma sortuda:
— Não tenho problema em brincar com meu lado sensual, é um trunfo. Uso
isso a meu favor. Meu biotipo sempre me abriu portas. Claro que existem
perfis diferentes e tem gente que pode não arriscar falando: “Ellen não
fica feia”. Eu fico feia, sim. Não sou uma boneca, sou um ser humano
que envelhece, engorda, emagrece, fica em depressão...
Essa fase “dark” da vida ela atravessou quando perdeu a mãe, Elsie, vítima de câncer, há três anos:
— Fiquei em depressão, mas, no fundo do meu poço, tem mola. Eu bati e
voltei. Por isso, acho que viver o luto é importante, eu não parei para
chorar. Sofri, mas tive que trabalhar, fazer comédia. Quando parei,
minha ficha caiu.
A fama não veio por vaidade, ela garante, mas por necessidade. Ellen
passou para a faculdade de Medicina, mas abriu mão da vaga para ajudar a
sustentar a casa. Trabalhou em padaria, supermercado... Mas não
descarta a possibilidade de se especializar em cardiologia:
— Quem sabe mais para frente?! Tenho livros de anatomia — conta ela,
explicando melhor como a vida artística começou: — Depois que entrei no
SBT como assistente de palco, as coisas foram acontecendo. Quando eu vi,
estava andando de ônibus com quatro capas de revistas nas bancas.
Fiquei famosa antes de ganhar dinheiro.
Atriz supera o preconceito e avisa: ‘Para quem julga sem saber, eu respondo com trabalho’ - Foto: Roberto Moreyra |
Com o objetivo de se destacar não só pelo corpo em forma, Ellen pensou
em desistir da profissão, mas acabou optando por investir nos estudos:
— Teve uma época em que eu fazia participação e cortavam minhas falas.
Eu pensava: “Poxa, a ‘Playboy’ está me chamando, me oferecendo uma
grana e eu dizendo ‘não’” — lembra a paulistana, que chegou a posar três
vezes para a publicação e, com um dos cachês, comprou a casa onde o pai
mora.
Um dos responsáveis por dar uma injeção de ânimo na atriz foi Ney
Latorraca. Num desses momentos de corte de fala, no seriado “S.O.S.
emergência” (2010), as palavras do veterano mudaram os rumos de sua
carreira.
— Fui para o banheiro e chorei muito. Quando saí, Ney disse que eu era
boa profissional. Saí correndo e deixei ele falando sozinho. No dia
seguinte, me desculpei e ele comentou que era para a gente se divertir.
Resolvi: “Vou fazer Ney dar risada”. Não tinha nada a perder.
Improvisei, deu certo e assinei meu primeiro contrato com a Globo.
Quando ousei, mostrei meu trabalho sem desrespeitar ninguém e sem medo,
consegui — comemora, sem esconder a emoção.
Diferentemente da personagem na novela, Ellen acredita que há um limite para se manter sob os holofotes:
Ellen nega desavenças e afirma que recebeu um grande apoio de Carolina Ferraz e Malu Mader Foto: Roberto Moreyra |
— Eu quero trabalhar e meu maior presente é o reconhecimento. Não
tenho essa coisa de precisar ser protagonista, não tenho nem coragem de
pedir papel. As coisas vão fluindo.
A COR MAIS QUENTE
Segundo a intérprete de Leonora, engana-se quem pensa que é das louras
que eles gostam mais. Ela conta que o assédio aumentou
consideravelmente depois de ter ficado ruiva.
— Nunca levei cantada chula. Nem de gostosa os homens me chamam —
frisa a atriz, que também é abordada por mulheres: — Acontece mais pelas
redes sociais, mas já rolou pessoalmente. Brinco com a situação, digo
que não gosto... Tenho jogo de cintura!
Solteira, a artista de 37 anos confessa que tende a assustar os pretendentes por conta da imagem pública:
— Pensam que sou inatingível. Funciono à moda antiga. Não consigo
chegar nos caras. Gosto de homem com atitude, curto ser conquistada.
A expressão “baby-bofe” do núcleo de Ellen em “Haja coração” foi parar
nas ruas, mas a atriz nunca teve um novinho para chamar de seu.
— Meus namorados sempre foram da minha idade ou mais velhos. Mas não
tenho problema com idade. Eu gosto de homem — deixa claro.
‘Não tenho problema em brincar com meu lado sensual’, avisa Ellen - Foto: Roberto Moreyra |
Para os interessados, a canceriana não se considera uma mulher difícil
—“Sou facinha” —, mas avisa que preza pela família, se apaixona pela
alma e acredita em casamento. E quem vê a rainha de bateria da Rosas de
Ouro não imagina que ela faça dublagem de bonecas. A voz infantilizada,
aliás, sua marca registrada, já foi uma questão:
— Fiz fono. Não adianta ser um mulherão com uma voz fina. Para a dublagem é legal... Faço até voz de neném.
Como o foco é a profissão, Ellen deixou seu corpo a serviço da arte e
engordou dez quilos para fazer Leonora. Sair desse registro da bonitona
“é maravilhoso”, afirma. De volta à “Escolinha do Professor Raimundo”,
como a sexy Capitu, ela se encontrou de vez no humor:
— Dei uma desconstruída. Como ela é longilínea e estou com o peso da Leonora, não deu tempo de emagrecer.
Envelhecer não é um medo e ela alega que só se preocuparia em perder o posto de símbolo sexual se o corpo fosse seu ganha-pão:
— Não sou tão vaidosa, a gente tem que aceitar os novos contornos. Hoje me acho mais bonita, madura e mulher.
Extra
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