Relatos à polícia de palhaços suspeitos se espalham e provocam 12 prisões noa EUA
Os
relatos à polícia tinham uma coisa em comum com aquele número de circo
em que um grande número de palhaços sai de um carro pequeno.
Eles
não paravam de chegar, em diversos Estados. Palhaços em vans, nas
florestas, espreitando nas sombras, palhaços perseguindo pessoas ou
cometendo crimes.
Mas nas últimas semanas o trabalho constante da
polícia reverteu as notícias, quando 12 pessoas enfrentaram acusações de
fazer falsos relatos ou ameaças, ou perseguir pessoas, segundo as
autoridades. Outros casos parecem ser brincadeiras de crianças
imaginosas, adolescentes aprontando peças ou outros com motivos próprios
para aumentar a histeria. Pelo menos uma morte foi relacionada a uma
brincadeira de palhaço.
Os primeiros relatos de aparecimento de
palhaços surgiram no final de agosto em Greenville, na Carolina do Sul,
com histórias de que figuras fantasiadas ofereciam dinheiro a crianças
para atraí-las a áreas de mata, ou ficavam paradas em certos locais,
causando nervosismo nos moradores.
De
lá, os relatos se tornaram contagiosos, com aparições declaradas em
pelo menos outros seis Estados: Alabama, Geórgia, Maryland, Nova Jersey,
Carolina do Norte e Pensilvânia. Enquanto a polícia não conseguia
verificar os relatos, eles proliferavam.
O ritmo da publicidade
negativa levou a unidade de “clowns” do Ali Ghan Shriners Club, em
Maryland, a se retirar de um desfile planejado para outubro em
Hagerstown, segundo disse Tom Holland, membro do grupo, em uma
entrevista a “The Cumberland Times-News” na quarta-feira (28).
Os
especialistas acorreram com explicações. David Myers, professor de
psicologia no Hope College em Holland, Michigan, atribuiu a epidemia de
aparições à “histeria de massa”, conforme os temores e sentimentos das
pessoas passam de uma a outra. Jason Seacat, professor-associado de
psicologia na Universidade Western New England em Springfield,
Massachusetts, sugeriu outro motivo para o surto: a necessidade de as
pessoas se sentirem conectadas a um evento que ganhou manchetes
nacionais.
“Como o evento parece ser muito difícil de verificar, a
alegação de que uma pessoa teve tal encontro é mais fácil de fazer e
relativamente sem riscos de ser denunciada como fraude”, disse ele em um
e-mail. “Por isso, o baixo risco de ser apanhado mentindo e o benefício
da atenção positiva por relatar tal alegação podem motivar algumas
pessoas a mentir.”
Mas esse baixo risco evaporou conforme a polícia trabalhou para chegar ao fundo dos relatos. Entre esses casos:
—
A delegacia de LaGrange, na Geórgia, a cerca de 110 km de Atlanta,
disse que policiais em 14 de setembro investigaram um relato de pessoas
vestidas de palhaço paradas perto de uma van. Eles encontraram um
motorista que disse que tinha ficado sem combustível. Os policiais
vasculharam o veículo e não encontraram fantasias, segundo a delegacia
afirmou no Facebook.
Quando as autoridades entrevistaram a pessoa
que relatou o avistamento, Brandon Moody, 26, ele admitiu que inventou a
história. E também envolveu sua cunhada, Rebecca Moody, 27, na ligação
ao número 911 para denunciar os palhaços.
A dupla foi acusada de
obstrução e conduta ilegal durante uma ligação ao 911, segundo a
delegacia. Nenhum deles foi encontrado para dar declarações.
Em
outro incidente em LaGrange, a polícia disse no Facebook que emitiu
mandados para quatro pessoas acusadas de fazer ameaças terroristas e
perturbar escolas públicas depois que autoridades receberam “diversas”
mensagens no Facebook em 12 de setembro sobre indivíduos vestidos de
palhaços ameaçando cometer atos de violência contra três escolas.
A polícia comentou que “recursos significativos” foram empregados pela polícia e pelas escolas para reagir às ameaças.
“Os
suspeitos indicaram que estariam vestidos de ‘palhaços assustadores’ e
estariam dirigindo uma van branca”, segundo a delegacia. Os policiais
receberam diversas ligações sobre “palhaços assustadores” em diferentes
áreas da cidade, mas não encontraram nenhum, segundo a delegacia.
As identidades dos objetos dos mandados não foram divulgadas. Não ficou claro na quarta-feira se foram efetuadas prisões.
A
delegacia disse em uma postagem diferente no Facebook que tinha
recebido telefonemas sobre palhaços em uma van que tentavam falar com
crianças em áreas de mata.
“Esse comportamento não é bonito nem
engraçado”, disse um comunicado da polícia. “Compreendam que se os
policiais virem esse comportamento vocês terão de se explicar.”
—
Em 15 de setembro em Flomaton, Alabama, a cerca de 104 km de Mobile, as
delegacias de Escambia e Flomaton receberam relatos do que acreditavam
ser ameaças verossímeis aos estudantes da escola secundária de Flomaton,
por meio de uma conta no Facebook pertencente a “Flomo Klown” e “Shoota
Cllown”, segundo as autoridades.
As escolas foram fechadas
enquanto a polícia vasculhava os prédios. O FBI e as polícias do Alabama
e da Flórida foram envolvidos. Makayla Smith, 22, de Flomaton, foi
acusada de fazer a ameaça terrorista, segundo a polícia. Dois menores
cujos nomes não foram divulgados também foram considerados envolvidos.
Há acusações pendentes contra eles.
— Em Beauregard, Alabama, a
cerca de 96 km de Montgomery, uma estudante colegial de 16 anos foi
acusada de fazer ameaças terroristas em 21 de setembro, segundo as
delegacias de polícia dos condados de Lee e de Opelika.
A menina,
cujo nome não foi revelado, usou uma página no Facebook chamada “Kaleb
Klown” e escreveu que iria a escolas da área com uma arma de fogo e
ameaçou a escola, segundo a estação de TV WRBL.
— A polícia de
Henrico, na Virgínia, disse que dois adolescentes enfrentam acusações
depois que perseguiram crianças usando máscaras de palhaço. O condado
fica a 16 km de Richmond.
— Em Annapolis, Maryland, quatro
estudantes de 7 a 9 anos que disseram ter visto palhaços a caminho da
escola foram entrevistados em 20 de setembro pela polícia, que soube que
os relatos eram infundados, segundo “The Washington Post”. Outras
visões de palhaços assustadores foram relatadas em Nova Jersey,
Pensilvânia e Virgínia.
— Para que não se pense
que a polícia está reagindo exageradamente, pelo menos uma morte foi
ligada a uma aparente brincadeira de palhaço. Em Reading, na
Pensilvânia, um menino de 16 anos foi esfaqueado fatalmente no domingo
(25) depois de um confronto que pode ter sido provocado pelo uso de uma
máscara de clown, segundo a agência Associated Press.
UOL
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