Cerimônia: Festa da Paralimpíada do Rio de Janeiro vai quebrar preconceitos
A
cerimônia de abertura da Paralimpíada do Rio de Janeiro se dedicará
menos a contar a história do Brasil e mais a abordar a condição humana,
informaram nesta sexta-feira (2) os diretores criativos da festa em uma
entrevista à imprensa. O espetáculo terá como lema a frase “O coração
não conhece limites” e também a frase em inglês “Everybody has a heart”,
que funciona com um duplo sentido que pode ser traduzido para “Todo
mundo tem um coração/ todo corpo tem um coração”. A cerimônia está
marcada para as 18h15 da próxima quarta-feira (7), no estádio do
Maracanã. O término está previsto para as 21h.
O
escritor Marcelo Rubens Paiva, um dos três diretores criativos do
evento, disse que a abertura da Olimpíada tinha a obrigação de contar a
história do país e utilizar ícones nacionais. “Nós, não. Estamos ligados
na humanidade, no ser humano, na condição humana, no sentido, na
dificuldade, na solidariedade, no amor, no coração. É muito mais gostoso
de criar”, afirmou ele, que é cadeirante.
Elementos nacionais
também estarão presentes, como as praias cariocas, consideradas locais
democráticos pela equipe. Marcelo disse ver a Paralimpíada como a maior
bandeira de uma nova visão de mundo que não encara o homem com apenas um
padrão, mas com diferentes formatos possíveis. “É um desenho universal,
que não é só fazer uma rampa para deficientes, mas para mulheres
grávidas, idosos, pessoas que quebraram a perna, carro de bebê,
deficiente visual. É um novo mundo”, disse o diretor, que pediu que o
público não perca o início da festa. “Começa de forma espetacular. É
para emocionar, rir e chorar.”
O espetáculo contará com um elenco
de 2 mil voluntários e 78 bailarinos, além de duas companhias de dança
de cadeirantes. Mais 500 profissionais estarão envolvidos. O Comitê Rio
2016 colocou 45 mil ingressos à venda e 4 mil ainda não foram comprados.
A capacidade será de 50 mil pessoas e os outros lugares serão ocupados
por convidados. O protocolo prevê que o presidente da República, Michel
Temer, declare os jogos abertos, assim como na Olimpíada.
Participação dos atletas
A
entrada dos atletas vai começar mais cedo na cerimônia de abertura da
Paralimpíada. As delegações devem desfilar pelo Maracanã aos 18 minutos,
e a ideia dos organizadores é que os atletas possam assistir às
atrações. O artista plástico Vik Muniz, que também é diretor criativo da
cerimônia, vai preparar uma obra ao vivo no estádio durante a parada
dos atletas. A pira olímpica deve ficar no lado leste do Maracanã, de
frente para as tribunas, e o palco será central, e não mais no canto de
um dos gols. Assim como na Olimpíada, um pequeno revezamento deve
conduzir a chama dentro do estádio e atletas e ex-atletas vão
participar.
A americana Amy Purdy, medalhista do snowboard nos
Jogos de Inverno, terá um papel de destaque e fará uma performance de
dança na cerimônia. Seu parceiro ainda é um mistério e a coreografia
deve envolver trocas das próteses de suas duas pernas.
“Primeiro,
eu não tinha certeza se ia aceitar o convite, porque queria saber como
seria feito”, contou a atleta, que está ensaiando no Brasil há um mês e
meio. Ela se disse muito animada e satisfeita com a performance. “É uma
grande responsabilidade abrir os Jogos e tudo o que os Jogos
significam.”
A cerimônia contará com uma roda de samba com os
artistas Diogo Nogueira, Maria Rita, Pretinho da Serrinha, Pedrinho da
Serrinha, Monarco, Hamilton de Holanda, Xande de Pilares e Gabrielzinho
do Irajá, que é deficiente visual.
Orçamento
O
produtor executivo da festa e chefe da empresa Cerimônias Cariocas
2016, Flavio Machado, disse que o orçamento do espetáculo não foi um
problema para as ideias que os diretores criativos elaboraram. O valor
do orçamento não foi divulgado. “Tem algo sobre ser brasileiro que é
fazer mais com menos. O orçamento foi suficiente para fazer o que
criamos. Não foi um problema e não será uma desculpa”, contou Flavio,
que espera passar uma mensagem provocativa: “A gente trabalhou em um
conceito criativo muito forte. Queremos provocar a audiência e desmontar
o preconceito com a deficiencia.”
Uma das principais marcas da
abertura e encerramento olímpicos, as projeções no chão do estádio devem
ser bastante utilizadas mais uma vez na Paralimpíada.
Terceiro
diretor criativo da cerimônia, o designer e professor universitário Fred
Gelli conta ter aprendido muito com o trabalho em conjunto com Marcelo
Rubens Paiva, que ensinou que o atleta paralímpico não tem uma
história de superação por conta de sua deficiência, mas pela luta para
superar marcas paralímpicas e conquistar medalhas. “No fundo, a
superação para esses caras é bater o recorde do oponente”, disse Fred.
“Todos somos eficientes e deficientes em certo sentido. Queremos tratar disso e fazer uma cerimônia muito humana”, completou.
MaisPB com Agência do Brasil
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