Jovem acusa dom Aldo de assédio sexual em depoimento ao Ministério Público
Publicado por:
Carlos Rocha
O arcebispo emérito da Paraíba, dom Aldo Di Cillo Pagotto, parece não
ter conhecido ainda o fundo do poço quando o assunto diz respeito às
investigações sobre casos de pedofilia envolvendo padres e seminaristas
no período em que ele comandou a Arquidiocese da Paraíba. São duas
investigações em curso, uma no âmbito do Ministério Público do Trabalho e
outra no Ministério Público da Paraíba. O blog teve acesso a trechos
das denúncias e elas são muito pesadas.
Ao Ministério Público do Trabalho um dos jovens ouvidos revelou
conversa que teria tido com dom Aldo, no momento em que, segundo ele,
foi se queixar de “problemas” no seminário. Segundo ele, o arcebispo se
mostrou muito mais preocupado em assediá-lo, propondo relações sexuais.
Os trechos tiveram o sigilo quebrado para serem incluídos na ação
penal 3002945-98.2015.815.2002, a que o blog teve acesso. O processo foi
movido por dom Aldo contra Mariana José Araújo da Silva, autora da
carta denúncia que resultou no afastamento do arcebispo.
“… o arcebispo aconselhou o depoente que ‘deixasse de besteira e que
vocação seria irrelevante para um jovem bonito e apreciado como o
depoente, acariciando os seus órgãos sexuais”, contou o jovem em
depoimento colhido pelo procurador do trabalho Eduardo Varandas Araruna.
A peça foi inserida nas alegações finais apresentadas pelo advogado de
defesa de Mariana, Iarley José Dutra Maia. Dom Aldo tenta a condenação
da denunciante por injúria e difamação.
Denúncia
Mariana é a autora da carta remetida ao Vaticano que denunciava os
supostos casos de pedofilia na Igreja. Depois da acusação, a Arquidiocese
da Paraíba foi alvo de “visitas canônicas”, coordenadas pelo Nunciato
Apostólico, para averiguar a veracidade das denúncias. No passo
seguinte, o religioso foi proibido de ordenar padres e diáconos. O
resultado do processo foi a carta renúncia do arcebispo, aceita pelo
papa Francisco no dia 6 de julho deste ano. A renúncia foi aceita com
base no Artigo 2 do cânone 401 do Código de Direito Canônico, ou seja,
por “grave causa”.
Dom Aldo é acusado de ter acobertado os casos de pedofilia e de ter
mantido relacionamento com um dos jovens. O processo de Mariana José
Araújo Silva tramita no Fórum Criminal de João Pessoa e está na fase
seguinte às alegações finais, quando deverá ser decidido pelo juiz
Hermano Gomes. O advogado Iarley Dutra alegou nos autos que não cabe a denúncia de injúria e difamação contra a denunciante porque não houve
dolo.
As denúncias de acobertamento de casos de pedofilia estão sendo
investigadas no Ministério Público da Paraíba, através da Promotoria
Criminal de João Pessoa. O órgão recebeu um calhamaço de 88 páginas foi
encaminhado pela Polícia Federal com denúncias contra clérigos da Igreja
Católica apontando indícios de abuso sexual contra adolescentes. Os
documentos foram repassados ao coordenador das Promotorias Criminais em
João Pessoa, José Guilherme Soares Lemos.
Polêmica Paraíba
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