Governador de Minas Gerais é indiciado pela Polícia Federal por corrupção
O ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou a Polícia Federal a indiciar o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o empresário Marcelo Odebrecht.
Os
dois são suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro. Conforme a
apuração, Pimentel supostamente recebeu propina quando era ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para facilitar a
liberação de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) a projetos da Odebrecht no exterior.
O
indiciamento tem como base a delação premiada do empresário Benedito
Oliveira, o Bené, que afirmou que a Odebrecht pagou propina a Pimentel.
Segundo Bené, as tratativas com a Odebrecht começaram em maio de 2013,
quando a empreiteira indicou que poderia financiar a campanha de
Pimentel ao governo de Minas Gerais em 2014.
Pimentel queria,
segundo Bené, entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, mas a direção da
Odebrecht só autorizou o pagamento de R$ 12 milhões, a maior parte em
dinheiro vivo.
Agora, o caso será analisado pelo
vice-procurador-geral da República, José Bonifácio Borges de Andrada,
responsável pelas ações contra governadores no STJ. Caberá a ele decidir
se denuncia ou não Pimentel e Odebrecht pelos fatos que constam do
inquérito da PF.
Nesta quinta (15), a Polícia Federal
realizou operação relacionada a este caso do indiciamento, mas
envolvendo pessoas sem foro privilegiado. Foram expedidos 9 mandados de
busca e apreensão e 11 conduções coercitivas nos estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e no DF.
Defesa
Em
nota, a defesa do governador de Minas Gerais afirmou que o indiciamento
não tem “consequência” pois é um ato de convencimento da autoridade
policial. Também disse que o STF, “por maioria esmagadora”, afirma a
impossibilidade de a PF indiciar o governador.
“Mas isso não inibe
quem quer antecipar culpa, a todo custo. Chega a ser risível a
‘coincidência’ que vai se repetindo a cada dia em que se designa novas
datas para o prosseguimento do julgamento dos recursos da defesa no STJ.
Sempre vem uma nova operação ou novo indiciamento”, diz a nota da
defesa de Pimentel.
“Estamos aguardando o julgamento de nossas
questões de ordem que demonstrarão as absolutas ilegalidades dessa
operação e da colaboração premiada. Nessa, trocou-se um pacote de crimes
de toda espécie por um ano de domiciliar. Violação da primeira à última
letra da Lei”, concluem os advogados.
A assessoria de imprensa da Odebrecht informou que não irá se manifestar sobre o indiciamento. O G1 e a TV Globo aguardam posicionamento da assessoria de Marcelo Odecrecht.
Fernando
Pimentel é alvo de diversas investigações sobre a operação que correm
no STJ. É a segunda vez que o governador é indiciado na Operação
Acrônimo com o aval do ministro Herman Benjamin.
A defesa de Pimentel chegou a questionar o primeiro indiciamento no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro Celso de Mello negou, em abril, o pedido porque considerou que o indiciamento ocorreu com aval do STJ.
No
caso em que ele foi indiciado, a Procuradoria denunciou o governador,
mas a apuração está suspensa. Isso porque a Corte Especial do STJ
discute agora se há ou não necessidade de a Assembleia de Minas Gerais
autorizar a abertura de ação penal antes da denúncia.
Pimentel foi
denunciado sob suspeita de ter solicitado e recebido vantagem indevida
em 2003 para atender a interesses do grupo privado Caoa. Entre outras
questões, a denúncia se baseou na delação premiada de Bené.
O
julgamento no STJ foi interrompido, mas até agora são cinco votos para a
tese de que a Assembleia não precisa autorizar a ação penal, mas não há
afastamento automático – somente se o STJ assim decidir.
Um
ministro divergiu e votou para que o recebimento da denúncia pelo STJ
seja analisado antes pela Assembleia Legislativa mineira. Ainda faltam
nove votos. A Corte Especial é composta pelos 15 ministros mais antigos
do tribunal e julga as ações penais contra governadores e outras
autoridades.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário