Prefeitável é recebido à bala em favela; seguranças reagem e três ficam feridos
Na
última segunda-feira (5), três pessoas acabaram baleadas, enquanto um
candidato a prefeito fazia campanha em São Gonçalo, na região
metropolitana do Rio de Janeiro. Dois adolescentes de 14 e 15 anos e um
idoso, de 85 anos, foram atingidos no Morro da Coruja.
Os disparos
foram feitos durante confronto entre um grupo de indivíduos não
identificados e seguranças do candidato Diego São Paio. O ataque ocorreu
durante a tarde, na Avenida Gouveia, no bairro Vila Lage e está sendo
investigado pela 73ª Delegacia de Polícia.
A corporação sugere que
o grupo armado era da própria favela. “Diligências estão em andamento
para esclarecer todas as circunstâncias do crime e identificar seus
autores”, diz, em nota.
A Secretaria Estadual de Saúde não
atualizou o estado de saúde dos adolescentes. Eles foram encaminhados ao
Hospital Estadual Alberto Torres, onde passaram por cirurgias.
Por
conta da violência contra candidatos às eleições municipais, o
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes,
esteve na Baixada Fluminense, também na região metropolitana, há duas
semanas, área que concentra ocorrências. Pelo menos 11 pré-candidatos
foram assassinados, sendo dois deles no município de Duque Caxias.
Baixada Fluminense
Por causa da violência durante
campanhas políticas no Rio de Janeiro, Gilmar Mendes solicitou ao
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que as mortes sejam
investigadas pela Polícia Federal. “É uma situação extremamente grave o
que está acontecendo aqui. Há incidentes que podem não ter relação com a
questão eleitoral, mas a maioria tem. Até por isso, nós já pedimos, e
haverá presença das Forças Armadas [durante as eleições] aqui”, disse,
no final de agosto, durante visita à baixada.
Milícias
As
mortes de candidatos estão relacionadas a disputas entre grupos
paramilitares que atuam na região, afirma o sociólogo José Cláudio Souza
Alves, autor do livro Barões ao Extermínio: uma história da violência da Baixada Fluminense. As milícias
surgiram, segundo o pesquisador, que estuda a região há três décadas,
da convivência entre as polícias e os grupos de extermínio.
“A
Baixada [Fluminense], nos últimos meses, assistiu o assassinato de 15
candidatos a vereador. Desses, pelo menos 13 são ligados a milícias, são
milicianos matando milicianos pelo controle das organizações e por
conta da disputa eleitoral. Eles também estão disputando a estrutura
política”, explicou.
Os grupos paramilitares, segundo José
Claúdio, obtém lucro comercializando ilegalmente água, transporte
clandestino, terrenos, aterros, gás e o gatonet (sistema clandestino de
TV paga e de internet), constrangendo e ameaçando de morte quem mora na
região.
Entre os grupos de extermínio com atuação no Rio, o
Cavalos Corredores, formado por policiais militares foi responsabilizado
pelas mortes de 21 pessoas na Chacina de Vigário Geral, há 23 anos
completados semana passada. Somente um dos 51 acusados permanece preso.
Agência Brasil
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