Tempestade tropical Earl deixa ao menos 45 mortos no México e centenas desalojadas
Com
pás e cães farejadores, equipes de soldados e socorristas procuravam
nesta segunda-feira (8) mais vítimas dos deslizamentos de terra e dos
desabamentos no México decorrentes da já dissipada tempestade tropical
Earl. Ao menos 45 pessoas morreram e centenas ficaram desalojadas.
A
zona mais afetada foi a serra norte do estado de Puebla (centro), onde o
céu permanece com espessas nuvens cinzas e os deslizamentos ainda são
visíveis nas estradas.
“Lamento informar que o número de falecidos
aumentou para 32 nesta zona, ao menos 15 deles menores de idade”, disse
o governador de Puebla, Rafael Moreno Valle, após visitar algumas
comunidades onde várias casas ficaram soterradas pelos deslizamentos.
“Ainda
há comunidades incomunicáveis, estamos tendo trabalho para chegar à
região administrativa do município de Tlaola (…)”, acrescentou o
governador, que afirmou não ter um número confirmado de desaparecidos.
Cerca
de 500 famílias foram retiradas de suas casas e levadas para abrigos,
onde fizeram exames médicos para evitar surtos epidemiológicos, segundo
autoridades locais.
“Na noite de sábado (6), se formou uma
avalanche no centro de Xaltepec (…) e nossa casa foi levada inteira”,
contou Claudio Cruz, um pedreiro de 32 anos que se refugiou com sua
esposa em um abrigo no município de Huauchinango, a cerca de 200 km da
Cidade do México.
Durante a tempestade “acabou a luz, e lá embaixo
nos pediam ajuda, mas nós já não conseguíamos nos mover”, acrescentou o
homem a quem não restaram mais pertences que a roupa do corpo.
Cerca de 600 policiais, soldados, bombeiros e socorristas rastreavam a zona, concentrando seus esforços em Huauchinango.
“Lá,
neste fim de semana, aconteceu a maior precipitação de água de que se
tem registro, 265,5 milímetros acumulados em 24 horas. Ou seja, quase a
totalidade de precipitações de um mês inteiro em uma só noite”, disse o
secretário-geral de governo de Puebla, Diódoro Carrasco.
As chuvas
torrenciais também causaram deslizamentos em estradas, duas pontes
sobre o rio Necaxa foram danificadas, e algumas comunidades sofreram
cortes de energia, descreveu o governo de Puebla.
Segundo o
presidente Enrique Peña Nieto, “foram tomadas ações para levantar os
censos” sobre danos para ressarcir o patrimônio das famílias.
Depois
de chegar a se converter em furacão de categoria 1 na escala de
Saffir-Simpson, que vai até 5, o Earl perdeu força ao tocar a costa de
Belize. Entrou no México pelo estado de Tabasco (sul) na noite de quinta
(4), já como tormenta tropical, terminando no mesmo dia.
Outros 13 mortos em Veracruz
O
fenômeno meteorológico também atingiu as montanhas de Coscomatepec,
Tequila e Huayacocotla, no estado vizinho de Veracruz, onde mais de
11.000 pessoas foram afetadas e 2.262 casas danificadas.
“Temos 13
pessoas mortas em Veracruz”, disse a secretária de Proteção Civil do
estado, Yolanda Gutiérrez, ao visitar o município de Tlalixcoyan, um dos
mais afetados.
As últimas vítimas morreram quando suas casas
foram soterradas pelos deslizamentos de terra, ou afogados ao serem
arrastados pelos rios cheios, acrescentou Gutiérrez, que pediu ao
governo federal que declare estado de emergência em 60 municípios.
Um
grupo de geólogos fazem estudos para determinar se as pessoas que vivem
nas zonas afetadas podem voltar para as suas casas ou se deverão ser
realocadas.
Tempestade Javier
Nesta
segunda, a tempestade tropical Javier, formada no Pacífico no domingo
(7), continuava se aproximando do litoral do noroeste do México,
situando-se cerca de 90 km ao sudeste do turístico Cabo San Lucas, no
estado de Baja California Sur, segundo a Comissão Nacional de Água
(Conagua).
As autoridades suspenderam as aulas no balneário, fecharam os portos para qualquer tipo de navegação e habilitaram 18 abrigos.
“Estamos prontos para abrigar cerca de 6.000 pessoas”, informou o diretor local de Proteção Civil, Marco Antonio Vázquez.
Às
15h no horário de Brasília, o fenômeno avançava em direção ao noroeste a
17km/h, com ventos máximos sustentados de 85 km/h e rajadas de até 100
km/h, causando tempestades intensas e torrenciais no oeste e no noroeste
do México, segundo a Conagua.
De acordo com o Centro Nacional de
Furacões dos Estados Unidos (NCH), o fenômeno vai enfraquecer nos
próximos dias ao tocar terra, até alcançar a categoria de depressão
tropical no meio da semana.
Em setembro de 2014, o balneário de
Los Cabos, destino favorito de muitos turistas americanos, sofreu o
impacto do furacão Odile, que deixou seis mortos e perdas materiais
milionárias.
Em setembro de 2013, os quase simultâneos furacões
Ingrid e Manuel deixaram 157 pessoas mortas no estado de Guerrero (sul),
das quais cerca de 50 tinham ficado soterradas em um deslizamento de
terra no povoado de La Pintada.
G1
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