Associação de Magistrados do Brasil acusa Gilmar Mendes de obstruir Justiça
"É lamentável que um ministro do STF, em período de grave crise no país, milite contra as investigações da Operação Lava-Jato"
O presidente da Associação de Magistrados do Brasil, João Ricardo
Costa, criticou duramente o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal, depois que ele acusou a força-tarefa da Lava Jato de tentar
vazar informações para constranger o ministro Dias Toffoli.
"É lamentável que um ministro do STF, em período de grave crise no
país, milite contra as investigações da Operação Lava-Jato, com a
intenção de decretar o seu fim, e utilize como pauta a remuneração da
magistratura. O ministro defende financiamento empresarial de campanha e
busca descredibilizar as propostas anticorrupção que tramitam no
Congresso Nacional, ao invés de colaborar para o seu aprimoramento", diz
trecho de nota da AMB assinada por seu presidente João Ricardo Costa.
Gilmar disse que vários juízes de instância inferior ganham até R$ 100
mil por mês, burlando o teto constitucional de R$ 33,7 mil. Ele afirmou
ainda que "cada um faz seu pequeno assalto".
"Nós estamos contrários a essa postura dele de obstaculizar a Operação
Lava-Jato, de criar factoides contra a magistratura brasileira, como ele
fez, usando adjetivos grosseiros, não cabidos a um ministro do Supremo
Tribunal Federal", disse Costa, ao jornalista André de Souza, do Globo.
"Nos incomodou muito, nos causou perplexidade esse tipo de postura do
ministro. Ele já tem o costume de se manifestar em matérias, inclusive,
que são afeitas à sua jurisdição, o que não é aceitável como postura de
um magistrado."
"Essa manifestação dele vem num contexto em que ele começa a atacar a
Operação Lava-Jato, dizendo que ela tem que terminar, sustentando que
medidas anticorrupção que tramitam no Congresso são medidas inadequadas,
chegando a adjetivar de cretinos aqueles que fizeram a proposta. Quando
o país precisa de medidas dessa ordem, o ministro Gilmar tem defendido
financiamento de campanha (empresarial), que é uma fonte para a
corrupção, e ele coloca os vencimentos da magistratura, até de forma
genérica, completamente equivocada do que é a realidade, no sentido de
nos atingir, porque nós estamos muito focados nessa questão da corrupção
no país", pontuou ainda o presidente da AMB.
Brasil 247
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