Gim Argello nega propina e chora em audiência com juiz federal Sérgio Moro
Réu
na Lava Jato, o ex-senador Gim Argello (PTB) negou que tenha pedido
propina para empreiteiros investigados na operação para que eles não
fossem convocados para Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da
Petrobras, em 2014. Argello foi interrogado pelo juiz federal Sérgio
Moro, em Curitiba, nesta sexta-feira (26), e disse ser alvo de vingança.
O ex-senador chegou a chorar durante a oitiva.
O ex-senador está
preso desde abril, quando a 28ª fase da Lava Jato foi deflagrada. Ele
responde por corrupção passiva, concussão, lavagem de capitais,
organização criminosa e obstrução à investigação. A força-tarefa da Lava
Jato afirma que há indícios concretos de que ele solicitou vantagem
indevida para evitar que os empreiteiros fossem chamados para depor na
CMPI.
O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, é colaborador da
Operação Lava Jato e afirmou em audiência que pagou R$ 5 milhões, em
forma de contribuição eleitoral para diversos partidos, para que não
fosse chamado na CPMI.
De acordo com Pessoa, ele aceitou pagar a
propina para preservar a imagem da empresa e também a imagem pessoal
dele. “[Aceitei] por causa do meu receio de uma explosão de um assunto
tão grave como a CPI da Petrobras. Não preciso lhe dizer onde nós
desaguamos”, disse o empresário em depoimento prestado na quarta (24).
Na
versão de Gim Argello, entretanto, houve pedido de doação eleitoral e
não de vantagem indevida em função da CMPI. Ele desse que Ricardo Pessoa
afirmou que tinha intenção de colaborar com a campanha para o governo e
pediu para que o ex-senador encaminhasse resultados de pesquisas
eleitorais.
Segundo o ex-senador, Ricardo Pessoa fez doações eleitorais, mas nenhuma diretamente para Argello.
“Não
fui desonesto, eu não pedi propina a ninguém, eu não pedi vantagem
indevida para ninguém, eu pedi doação eleitoral dentro da lei. Todos
eles falavam que tinham espaço fiscal para fazer isso. Eu não sabia,
naquela época, que eles eram envolvidos com Petrobras”, argumentou o ex-
senador.
Argello falou que não tinha medo de fazer requerimento.
De acordo com ele, os requerimentos não foram aprovados porque os
investigados foram indiciados. “O pior foi feito, excelência. Foram
todos eles indiciados”.
Na avaliação do ex-senador, a CPMI não foi
pífia, apresentou um relatório robusto e encaminhou o indiciamento para
as autoridades competentes.
Gim Argello afirmou que as acusações
de Ricardo Pessoa são uma vingança por causa do indiciamento na CPMI.
“Ele devia ter na cabeça dele, Excelência, que quando ele fez essa
doação para Brasil, devia estar comprando algum tipo de proteção comigo,
podia ser. Mas na minha, excelência, nunca foi isso. Sempre foi doação
eleitoral legítima tanto é que nunca teve dinheiro por fora”.
No
fim do interrogatório, o ex-senador disse que não acredita que Moro
trabalhe com a sentença condenatória pronta, como, segundo ele, dizem.
Argello
afirmou ter cumprido o mandato de senador com “muita honra”. “Não sou
isso que o Ministério Público coloca que eu sou, que eu fui desonesto”,
disse chorando. “Eu não tenho histórico criminal”, afirmou.
Voltando a chorar, o ex-senador ainda disse que sempre apoiou a Lava Jato e que continua apoiando, porque não é desonesto.
Jorge Argello
Jorge
Afonso Argello Junior, filho do ex-senador, também foi interrogado
nesta sexta-feira. Ele é réu no mesmo processo e responde por corrupção
passiva e lavagem de capitais. Jorge Argello disse que administra uma
empresa do pai e que morou com ele até o começo deste ano.
Jorge
Argello negou ter participado de reuniões com o pai e empreiteiros. Ele
ainda afirmou ao juiz nunca ter se interessado pela parte política.
G1
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