Sérgio Moro homologa delação de executivos do ‘banco da propina’ da Odebrecht
Marco Bilinski, Vinícius Borin e Luiz França acordaram em pagar R$ 1 milhão de multa cada um e também repatriar todos os bens que possuírem no exterior.
Juiz Sérgio Moro homologa delação |
O
juiz Sérgio Moro homologou nesta sexta-feira, 22, os acordos de delação
premiada dos três executivos que adquiriram em 2010 junto com um
ex-funcionário da Odebrecht o “banco da propina” utilizado para a
empreiteira movimentar dinheiro de pagamentos ilícitos, inclusive para o
marqueteiro do PT João Santana, e que movimentou US$ 1,6 bilhão até
2014.
Marco Bilinski, Vinícius Borin e Luiz França, que atuavam no
setor financeiro e trabalhavam como captadores de clientes para o banco
no Brasil, acordaram em pagar R$ 1 milhão de multa cada um e também
repatriar todos os bens que possuírem no exterior, pagando os impostos
às autoridades brasileiras. O valor dos bens no exterior, porém não foi
divulgado.
Da multa, 90% será destinado para ressarcir a Petrobras
e 10% para os órgãos de investigação, como o Ministério Público Federal
e a Polícia Federal.
Com a homologação, as delações dos três
executivos do setor financeiro, que se associaram a Fernando Migliaccio e
Luiz Eduardo Soares, então executivos do Departamento de Operações
Estruturadas – nome oficial da central de propinas da empreiteira,
segundo a Lava Jato – da Odebrecht, poderão ser utilizadas para novas
investigações sobre a complexa rede financeira de 41 offshores –
empresas em paraísos fiscais – montada pela maior empreiteira do País
para pagar propinas em obras que vão além do esquema de corrupção na
Petrobras.
O grupo também se juntou a Olívio Rodrigues Júnior,
responsável por intermediar a abertura das contas para a empreiteira no
Antigua Overseas Bank, onde os três executivos trabalhavam antes de
decidirem adquirir o Meinl Bank, para adquirir o “banco da propina”. A
participação de 51% da filial da instituição financeira em Antígua foi
adquirida, segundo o relato, por US$ 3 milhões mais quatro parcelas
anuais de US$ 246 mil. Ao final da negociação, o grupo passou a ter 67%
do Meinl Bank Antígua.
O Departamento de Operações Estruturadas da
Odebrecht foi alvo da 23ª etapa da Lava Jato, que levou à prisão do
marqueteiro João Santana, sua mulher e sócia, Mônica Moura, além dos
executivos do banco e que agora fecharam delação. Foi a partir da
Operação Acarajé – assim batizada em referência a um dos nomes usados
nas planilhas da contabilidade paralela da Odebrecht para propinas – que
a força-tarefa da Lava Jato chegou ao núcleo dos pagamentos ilícitos da
empreiteira.
As revelações foram feitas principalmente pela
funcionária Maria Lúcia Guimarães Tavares, a primeira do grupo
empresarial a colaborar com as investigações. Atualmente, executivos da
Odebrecht e o empreiteiro Marcelo Odebrecht negociam uma delação
premiada com a Lava Jato.
Entre as contas offshores criadas para
Odebrecht, Vinícius Borin listou em seu primeiro depoimento da delação
as movimentações que considerou “suspeitas” para outras contas que não
eram da empreiteira e que somaram US$ 132 milhões. Dentre estas
operações estão a Klienfeld, a Innovation e a Magna, todas ligadas à
Odebrecht e que fizeram depósitos na conta offshore Shellbill Finance,
de propriedade de João Santana e sua mulher Mônica Moura, na Suíça, no
valor de US$ 16,6 milhões.
O valor é quase quatro vezes os US$ 4,5
milhões que João Santana e sua mulher receberam de outra empresa e
admitiram ao juiz Sérgio Moro se tratar de acerto de dívidas de caixa 2
da campanha eleitoral de Dilma em 2010. A petista alega que, se houve
caixa 2 em sua campanha, não teve conhecimento. Com informações da
Estadão Conteúdo.
Notícia ao Minuto
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