Uma mulher é violentada a cada 11 minutos no Brasil, segundo pesquisa
O estupro coletivo que aconteceu no Rio nesta semana é “o caso mais
grave já ocorrido no Brasil”, afirmou Samira Bueno, cientista social e
diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP),
organização não governamental (ONG) que formula análises e pesquisa as
estatísticas sobre a violência no País.
A especialista lembra que, até então, o episódio mais chocante havia
sido o das quatro meninas do Piauí. No caso carioca, disse Samira, além
da quantidade de agressores, choca o fato de nenhum dos envolvidos ter
tentado impedir a violência e “ainda terem postado o vídeo nas redes, se
orgulhando do que fizeram”.
“O que chama a atenção é a brutalidade em pensar que mais de 30
homens estupraram a adolescente e nenhum deles, em momento algum, tentou
impedir”, disse ela, que ressalta ainda o aspecto cultural da
violência. “O estupro está vinculado à cultura machista e misógina, que
entende que os homens têm direito de ferir a mulher.”
As estatísticas das Secretarias de Segurança Pública de todo País,
reunidas pelo FBSP, mostram que mulheres de diferentes classes e raças
são violentadas, “embora as negras sejam as principais vítimas letais”,
segundo a cientista social. A vítima do estupro coletivo não é negra.
Uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos, segundo
estatística recolhida pela FBSP. Como apenas de 30% a 35% dos casos são
registrados, é possível que a relação seja “de um estupro a cada
minuto”, de acordo com Samira. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres
foram estupradas em 2014, última estatística divulgada. No Estado do
Rio, foram 5,7 mil casos.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à
Secretaria de Segurança do Estado, revelam 507 queixas de estupro na
cidade do Rio, neste ano. O número é 24% inferior ao de igual período
(janeiro a maio) de 2015, quando houve 670 registros. Na região da 28.ª
Delegacia de Polícia, que inclui a Praça Seca, onde aconteceu o estupro
coletivo, foram registrados 20 casos em 2016.
Redes
Na quinta-feira, 26, as redes sociais foram inundadas de campanhas
contra a violência sexual contra mulheres. Fotos de perfis foram
cobertas com as frases “Precisamos falar sobre a cultura do estupro” e
“Eu luto pelo fim da cultura do estupro”. Em outra campanha, a imagem de
uma mulher sangrando, pendurada como Jesus à cruz, era disseminada nas
redes. Usuários ainda compartilharam mensagens como “Não foram 30 contra
1, foram 30 contra todas. Exigimos justiça!”.
Fonte: Correio Braziliense
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