Mulher de Cunha pede restituição de tributo em gastos de conta secreta
Pedro Ladeira - 5.nov.2015/Folhapress | ||
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O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz |
Apesar de não ter declarado seus gastos com cartão de crédito abastecido
com uma conta secreta no exterior, a mulher do presidente afastado da
Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cruz, pediu a autoridades
estrangeiras o reembolso dos impostos dos bens adquiridos com esse
cartão – o chamado "tax free".
Os pedidos constam nos extratos do cartão de crédito de Cruz obtidos
pela PGR (Procuradoria Geral da República) após a descoberta das contas
secretas no exterior.
Só depois que o Ministério Público da Suíça enviou à PGR os detalhes
sobre as quatro contas –três que tinham Cunha como beneficiário final e
uma cuja titularidade era de Cruz– é que ela declarou às autoridades
brasileiras seus gastos com o cartão.
Cruz é alvo de uma investigação no Banco Central sob suspeita da omissão
dessas despesas, o que é passível de pagamento de multa.
Turistas têm direito ao "tax free" na aquisição de mercadorias em
determinadas lojas no exterior, obtendo estorno de parcela do preço
pago, a título da restituição de imposto.
Os extratos obtidos pela Folha mostram diversos pedidos de "tax free" de
pequenos valores, com a referência de que teriam sido feitos na Suécia,
mas sem a discriminação dos produtos. São valores, por exemplo, de €
59, € 35, € 71 e € 53.
Há ainda lançamentos com a informação "restituição de imposto rejeitada"
e a referência à Irlanda, em valores de, por exemplo, € 104 e € 202.
Na denúncia contra Cunha sobre as contas na Suíça, sob acusação de
corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a PGR aponta
despesas da família Cunha no exterior. Há, por exemplo, gastos de US$
5.000 na Chanel e de US$ 8.000 na loja de sapatos Pravda Abbigliamento.
A PGR aponta que as despesas foram custeadas com propina desviada da
Petrobras. Os cartões de crédito eram abastecidos com recursos dos
"trusts" de Cunha.
A investigação contra Cruz foi enviada à 13ª Vara Federal de Curitiba.
OUTRO LADO
A defesa de Cruz afirma que a conta no exterior já foi declarada às
autoridades brasileiras e que contesta, junto ao Banco Central, a
obrigatoriedade dessa declaração. Segundo a defesa, ela mantinha menos
de US$ 100 mil na conta, o que a eximiria da obrigação.
Cunha nega ligação com as contas no exterior. Afirma que transferiu o
patrimônio a "trusts" e que, por isso, não era mais o dono dos recursos e
não precisava declará-los. Também nega o recebimento de propina.
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