Moro diz no TCE-PB que não basta aplicar pena: ‘É preciso recuperar produto do crime’
Publicado por: Amara Alcântara
O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato – que apura
propina e desvio de recursos da Petrobras, disse, em João Pessoa, que
não basta a punição judicial aos condenados nas operações, mas também é
preciso a recuperação do produto do crime. “É preciso saber que o crime
não pode compensar. Não é somente a punição”, disse ele, ao alertar que
no Brasil há uma certa morosidade para se chegar ao julgamento final de
um caso, situação que, em muitas situações, prejudica a relação com
países que exigem a definição dos casos para repatriação de valores,
apesar de considerar que os processos no País são mais complexos.
A declaração do juiz Sérgio Moro foi feita em sua palestra na
conferência sobre corrupção, no auditório do TCE. Eles e os professores
Marcílio Franca, Andreas Ziegler e Sérgio Moro falaram de temas
relativos a sigilo bancário, ilícitos nos negócios com obras de arte e a
cooperação além-fronteiras nas ações de combate aos desvios de recursos
públicos. Ziegler, professor da Universidade de Lausanne, da Suíça,
falou das transformações existentes naquele país, no que concerne ao
sigilo bancário, ressaltando os acordos bilaterais de cooperação,
existentes entre os países, que possibilitaram maior transparência e
controle financeiro, especialmente para saber a origem dos depósitos
bancários.
O professor Marcílio Franca abordou as relações entre o direito e a
arte no campo administrativo, constitucional e penal, este último
vinculado aos atos de corrupção e lavagem de dinheiro. Marcílio levantou
vários aspectos que interagem por meio da linguagem. Adiante
exemplificou a relação com o Poder Público e citou como exemplo uma
licitação pública destinada à aquisição de obra de arte para
visualização de uma praça, que apesar de regular, formou a vinculação,
para no futuro e em outras situações, aparecer entre os atos de
corrupção nas justificativas de lavagem de dinheiro.
O
juiz Sérgio Moro, antes de iniciar sua fala, vinculou etapas da
Operação Lava-Jato aos atos que se relacionam com o tema abordado pelo
professor Marcílio, com a mesma natureza, citando os milhões de Reais
que estão sendo repatriados com a recuperação de obras de arte, material
sequestrado nas operações da Polícia Federal e que se encontram sob a
guarda do Museu Oscar Niemeyer.
Sérgio Moro buscou mostrar no tema de sua conferência a trajetória
dos dinheiros provenientes de propinas, a partir da origem para os
paraísos fiscais, demonstrando a preocupação com o rastreamento, depois
das fronteiras. Ele fez um retrospecto de como o esquema de propina
oriundo de recursos da Petrobrás, atuava em operações de offshorer, o
seja, o dinheiro saia pelos operadores para os paraísos fiscais e
voltava para a origem, passando por um labirinto de lavagem em paraísos
fiscais.
No final do evento, o Juiz Sérgio Moro foi homenageado pelo Tribunal
Regional do Trabalho – TRT, com a medalha do Mérito Judiciário, e
recebeu também, do presidente do Tribunal de Contas do Estado,
Conselheiro Arthur Cunha Lima, a medalha Cunha Pedrosa, maior
condecoração da Corte à uma personalidade que se destaca no mundo
jurídico e administrativo do Estado.
Fonte: Assessoria
Fonte: Assessoria
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