Feridos, caciques do PMDB que se imaginavam acima da lei estão atemorizados
Publicado por:
Ivyna Souto
Caíram
todas as fichas do PMDB. A conversão de Sérgio Machado de operador do
partido em colaborador da Lava Jato revelou a alguns cardeais que ainda
se imaginavam acima das leis que a festa acabou.
Aos poucos, desaparece aquele Brasil que oferecia às eminências
políticas a segurança de que nenhum ilícito justificaria a incivilidade
de uma reprimenda pública. No seu lugar, surge um país que ensina a
Sarney, Renan e Jucá que nem tudo termina num grande acordão.
Acometido de ‘morofobia’, Sérgio Machado foi de cacique em cacique
para avisar que estava prestes a suar o dedo. “Esse cara, esse Janot que
é mau caráter, ele disse, está tentando seduzir meus advogados, de eu
falar”, disse para Sarney.
“O Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês”, declarou para
Renan. “Então, o que ele quer fazer? […] Ele quer me desvincular de
vocês, […] e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro vai me
mandar prender. Aí quebra a resistência. E aí fodeu.”
“Eu estou muito preocupado”, afirmou Machado na conversa com Jucá. “O
Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.”
Ouviram-se juras de proteção a Machado. “Sem meter advogado no meio”,
orientou Sarney. Um pacto para “estancar a sangria”, definiu Jucá. “Tem
que ser conversa de Estado-Maior”, pediu o ex-presidente da Transpetro.
Homologado nesta quarta-feira (25) pelo ministro Teori Zavascki, do
STF, o acordo de delação premiada que Sérgio Machado celebrou com o
Ministério Público Federal é uma evidência de que malograram as
tentativas de acordão. Afora os depoimentos já prestados pelo novo
delator, a turma da Lava Jato manuseia gravações que somam quase sete
horas de conversa.
Feridos pela traição, os caciques do PMDB estão atemorizados. O
pânico tem razão de ser. Eles sabem o que fizeram nos verões passados. E
acabam de descobrir que já não é tão fácil celebrar conchavos com
pedaços do Judiciário, para triturar investigações.
A caciquia do PMDB ainda não conseguiu concretizar o desejo de
aprovar alterações às leis que regulam os acordos de leniência e as
delações premiadas. Enquanto ainda têm mandato, Renan e Jucá deveriam
perseguir um objetivo mais modesto —um tributo a Sérgio Machado. Assim
como há ruas batizadas de Voluntários da Pátria, a dupla poderia sugerir
a inauguração de outras que se chamassem Traidores da Pátria.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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