Janot diz que STF deve rejeitar pedido de Dilma contra o juiz Sérgio Moro

Pedro Ladeira/Folhapress

Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se manifesta contrário ao
pedido feito pela presidente afastada Dilma Rousseff de anular a decisão
do juiz federal Sérgio Moro, que autorizou a divulgação de conversas
telefônicas entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na reclamação, protocolada no STF em março após as gravações virem a
público, a Advocacia-Geral da União argumentava que Moro havia usurpado a
competência do Supremo, pois, ao constatar a presença de conversas de
autoridade com prerrogativa de foro, como é o caso de Dilma, ele deveria
ter encaminhado os telefonemas interceptados para a avaliação da Corte.
Esse, no entanto, não é o entendimento de Janot, que recomenda ao STF
"a negativa de seguimento à reclamação, e caso assim não entenda, pela
total improcedência do pedido nela veiculado".
"Mesmo admitindo eventual irregularidade no levantamento do sigilo (e
não se faz qualquer juízo de mérito nessa parte), o fato é que esse
elemento, por si só, igualmente não caracteriza violação de competência
criminal do Supremo Tribunal Federal", diz o parecer da PGR.
Apesar da manifestação contrária de Janot, caberá ao Supremo decidir o
que fazer diante do pleito de Dilma. O relator da ação é ministro Teori
Zavascki, responsável pela Lava Jato na Corte.
Na reclamação, a
AGU afirmava que a decisão de divulgar as conversas entre Dilma e Lula
não poderia ter sido tomada por um juiz de primeira instância e
argumentava que a decisão havia colocado em risco a "soberania
nacional'.
O teor da gravação fez com que a posse de Lula na
Casa Civil fosse questionada no Supremo, o que resultou na proibição do
ex-presidente em assumir o cargo.
Foi com base nesta reclamação
que Teori determinou, em decisão liminar referendada pelo plenário, que
Moro enviasse ao STF as investigações que envolvessem Lula. A alegação
era que durante o curso da apuração contra Lula autoridades com foro
foram implicadas.
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