Desde que as gravações foram reveladas, Jucá se tornou alvo de 3 representações: duas na PGR e uma no Conselho de Ética
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Jane de Araújo/Agência Senado – 24.5.16
Ao saber da representação, peemedebista disse que pedido de sua cassação é uma “brincadeira”
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Ao retornar para o Senado um dia depois de pedir exoneração
do Ministério do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi alvo
de duas representações, uma com pedido de cassação de mandato no
Conselho de Ética do Senado e outra de investigação na
Procuradoria-Geral da República.
As representações têm como base a gravação na qual o peemedebista
conversa com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e sugere a
ele um pacto para estancar as investigações da Lava Jato. A elas se soma
a representação feita na segunda-feira (23) pelo PSOL também na
Procuradoria-Geral da República, que pede a prisão do senador
peemedebista. Para os autores das três ações, na conversa houve
tentativa o senador peemedebista de obstrução das investigações da
Operação Lava Jato.
No Conselho de Ética, o pedido de cassação feito pelo PDT contou com a
assinatura do senador Telmário Mota (RR), inimigo político de Jucá em
Roraima e com quem o peemedebista passou o dia de ontem trocando
insultos públicos de “bandido”. No documento de sete páginas, os autores
afirmam que “é clara – sem sombra de dúvidas – a intenção do senador
denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das
investigações, mediante um grande acordo”.
O documento diz que o caso de Jucá é semelhante ao de
Delcídio Amaral (sem partido-MS), que foi preso e acabou cassado após a
divulgação de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o
trabalho dos investigadores da Lava Jato. A ação contra Delcídio foi
relatada por Telmário.
À Procuradoria, PT, PDT, Rede, PC do B e PPS pedem a
instauração de procedimento administrativo para apurar o teor da
conversa entre Jucá e Machado. Para os 15 senadores que assinam o
pedido, Jucá agiu para obstruir a Lava Jato e buscou influenciar o
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Pedimos que a PGR dê celeridade a esse processo. A
conversa deixa muito claro que ele constrói todo um ambiente para
viabilizar o impeachment da senhora presidente e, ao mesmo tempo para
impedir o andamento das investigações pela Lava Jato”, disse o senador
José Pimentel (PT-CE).
Jucá esteve na abertura da sessão de terça-feira (24) do
Congresso que apreciou os vetos presidenciais. Ele subiu à tribuna para
repetir os argumentos de que na conversa com Machado não fez nenhuma
ação para impedir a Lava Jato.
“Falei com ele apenas como senador da República”, disse antes de reforçar que não cometeu nenhum ato de “irresponsabilidade”.
O ex-ministro disse ainda que encaminhou ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, uma correspondência onde
solicita informações sobre possíveis crimes em sua fala com Machado. A
fala do peemedebista foi alvo de críticas de parlamentares que fazem
oposição ao governo em exercício, como a senadora Vanessa Graziotin
(PCdoB-AM) e a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Após os
questionamentos, Jucá desistiu de permanecer no plenário e seguiu para
seu gabinete, de onde disparou telefonemas para senadores aliados. “Não
quero atrapalhar as votações de interesse do governo com essa discussão
monotemática”, disse.
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Pedro França/Agência Senado – 10.11.15
Pedido apresentado ao Conselho de Ética foi assinado Telmário Motta, inimigo político de Jucá
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“Bandido”
Ao saber da representação, Jucá disse que o pedido de sua cassação é
uma “brincadeira” e desqualificou os autores. “Qualquer representação é
legítima. Agora, se nós formos ver os autores, um dos autores é um
bandido, que a mulher está sendo presa hoje, provavelmente, o senador
Telmário Mota, porque roubou dinheiro na Assembleia Legislativa para
sustentá-lo”, disse. Sobre Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, Jucá
disse que ele “não merece nenhum tipo de comentário”.
Em resposta, Telmário disse que Jucá “vive na bandidagem e acha que
todo mundo é bandido igual a ele”. Segundo o senador do PDT, os
processos contra sua esposa, condenada em segunda instância, ainda não
foram encerrados.
Estadão
Estadão
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