‘Crime está provado’, diz delegada que investiga estupro coletivo no Rio
A
responsável pelo caso de uma jovem de 16 anos que teve imagens de um
estupro coletivo, supostamente ocorrido na zona oeste do Rio, disse que o
crime está comprovado. “Minha convicção é que houve estupro”, disse, em
entrevista coletiva, Cristiana Bento, delegada da Delegacia da Criança e
do Adolescente Vítima (DCAV).
De acordo com Fernando Veloso,
chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o laudo pericial foi
prejudicado por causa da demora da vítima em fazer o registro na polícia
e o exame de corpo de delito. O exame foi realizado no dia 25 de maio,
quatro dias após o crime. Segundo ele, no entanto, o vídeo é suficiente
para comprovar o crime.
Bento assumiu o caso no domingo (29) em
substituição ao delegado Alessandro Thiers, titular da Delegação de
Repressão aos Crimes de Informação (DRCI). A investigação corre em
segredo de Justiça.
Houve
seis ordens de prisão expedidas pela Justiça contra Rai de Souza, Lucas
Perdomo Santos, Michel Brasil, Raphael Belo, Marcelo Corrêa e Sergio
Luiz da Silva Junior. Esse último, conhecido como “Da Rússia”, é
apontado como chefe do tráfico do morro da Barão, onde ficava a casa em
que a menina foi estuprada.
“A prisão temporária foi decretada
para determinar quantas pessoas praticaram esse crime. Mas que houve,
houve”, disse ela, que listou entre os crimes estupro de vulnerável,
produzir cenas de sexo com menor de idade e distribuí-la, desrespeitando
o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
“Essa menina
precisa de proteção, precisa de cuidados”, diz a delegada, ressaltando
que ela não deveria estar sendo julgada pela sociedade sobre sua
conduta. “Fica evidente que a vítima está coagida, com medo de falar.”
O
chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, também tem a
mesma opinião. “As imagens retratadas no vídeo mostram mais de uma voz,
fazem narrativa do estupro acontecido antes. Ele toca e manipula a
jovem, que parece estar desacordada. Este ato é um estupro. Este estupro
está evidenciado nas imagens. Se elas forem verdadeiras, e parecem
verdadeiras, esse estupro está comprovado.”
Diz que o vídeo também
traz a informação do estupro anterior, “mas não há prova material no
vídeo”. “A fala dos retratados constitui um indício, assim como o
depoimento da vítima. Não duvidamos do estupro anterior, mas não temos a
mesma robustez das provas.”
Entenda o caso
A investigação
teve início depois que um vídeo da jovem, nua e desacordada, foi
postado em redes sociais na terça (24). Na gravação, um grupo de
rapazes, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que
ela foi violentada por “mais de 30”.
Desde 2009, a lei considera como estupro tanto a conjunção carnal como atos libidinosos.
Na
sexta-feira (27), a Polícia Civil realizou a primeira operação para
cercar a casa onde teria ocorrido o crime. Foi feita perícia no local.
Roupas e material usado para embalar drogas também foram apreendidos.
Desde então, seis suspeitos foram ouvidos pela polícia, mas nenhum
permaneceu detido.
Ainda na sexta, Lucas Duarte dos Santos, que
teria um relacionamento com a adolescente, depôs na Cidade da Polícia,
na zona norte do Rio e foi liberado em seguida. Ele entrou no local ao
lado de outro homem, Raí de Souza, que, diante da imprensa, acenou,
sorriu e disse estar “mais famoso que a Dilma [Rousseff, presidente
afastada]”.
UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário