Polícia Federal diz ao STF que finaliza um dos inquéritos contra Renan na Lava Jato
Publicado por:
Ivyna Souto
A
Polícia Federal informou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que está
prestes a concluir um dos inquéritos que apura a suposta ligação do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o esquema de
corrupção da Petrobras.
Segundo relatório enviado pelo delegado Thiago Delabary, falta apenas
o depoimento do senador para que as apurações deste inquérito sejam
fechadas. A PF informa, inclusive, que está tendo dificuldades para
marcar uma data com o senador.
A linha de investigação avalia se Renan foi beneficiado de propina em
acordo da Petrobras com a categoria dos práticos, os profissionais
responsáveis por orientar os comandantes de navio a atracar nos portos.
A Folha apurou que a defesa do senador pediu que ele envie
explicações por escrito, em vez de prestar um novo depoimento à PF.
Nesta segunda (23), a Procuradoria-Geral da República enviou
manifestação ao STF pela rejeição do pedido da defesa, portanto, pelo
depoimento presencial.
O delegado pediu ao STF mais 30 dias para a o encerramento do caso.
“É possível afirmar que o acervo informativo já reunido nos autos põe a
investigação em estágio de finalização. Afora algumas medidas de ordem
administrativa, resta pendente de efetivação apenas a oitiva do senador
Renan Calheiros a qual não se tornou possível, ainda, em face da
dificuldade de agendamento decorrente das atribuições de sua excelência à
frente da Casa Legislativa”, escreveu.
O ministro Teori Zavaski, relator da Lava Jato, vai definir como
serão feitas as explicações. Renan é investigado neste inquérito
juntamente com o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).
As investigações começaram a partir das declarações do delator Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, para investigar as suspeitas de
recebimento de propina da estatal que recaem sobre Aníbal e Renan.
Segundo Costa, Aníbal “falava em nome” de Renan e lhe prometeu, em
2007, R$ 800 mil “em caso de resolução favorável” em uma ação judicial
pela qual duas empresas de serviços de praticagem da Baixada Santista
cobravam R$ 60 milhões de indenização da Petrobras.
Para tentar comprovar as afirmações de Costa, a PF rastreou o
dinheiro e concluiu que o advogado Paulo Roberto Baeta Neves recebeu, em
setembro de 2008, R$ 6 milhões de “comissão” pelo fechamento do acordo
com a Petrobras.
O dinheiro foi transferido para sua conta bancária –após passar pela
de seu sócio, Eduardo Ferrão, que disse nada saber do acordo e ter
rompido com Baeta Neves– pelo escritório de advocacia Ferreira Ornellas,
do Rio, que formalmente havia fechado o acordo judicial com a
Petrobras.
Dos R$ 6 milhões que chegaram a Baeta Neves –descontados R$ 500 mil
de impostos–, a PF agora concluiu que R$ 3 milhões foram para Luiz
Carlos Batista Sá, amigo do deputado Aníbal Gomes. Segundo o laudo,
parte do dinheiro foi sacado em diversas operações: seis cheques no
valor de R$ 80 mil cada, três de R$ 70 mil, dois de R$ 60 mil, dois de
R$ 50 mil, três de R$ 30 mil e três de R$ 20 mil foram destinados a
diversas pessoas e empresas.
Na Lava Jato, Renan ainda é alvo de mais oito inquéritos. O senador
foi citado por cinco delatores como destinatário de propina desviada da
Transpetro: Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Fernando Baiano,
Ricardo Pessoa e Nestor Cerveró.
Delatores disseram também que Renan teria indicado para o cargo
Sérgio Machado, que exerceu a presidência de 2003 a 2015. E que, em
razão disso, recebia dinheiro desviado de contratos da estatal.
Machado é o protagonista da primeira crise do governo de Michel Temer
e negocia acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da
República.
A divulgação de conversas dele com o ministro do Planejamento, Romero
Jucá (PMDB-RR), levou ao pedido de afastamento de um dos principais
aliados do presidente interino.
INVESTIGAÇÕES
Renan é suspeito de envolvimento de fraudes na contratação de
consorcio Estaleiro Rio Tietê pela Transpetro. Teve o sigilo bancário e
fiscal quebrados pelo Supremo nesse caso.
Ele também é investigado em outras frentes por propina em acordo da
Petrobras como favorecimento à empresa Serveng junto à estatal e
suspeita de propina para viabilizar a venda da participação da Petrobras
na empresa argentina Transener ao grupo Electroingenieria, também do
país.
Alguns inquéritos a PGR ainda mantêm em sigilo por causa de delações que não foram divulgadas.
As defesas de Renan e de Aníbal têm negado o envolvimento com
irregularidades e afirmam que nunca receberam propina da Petrobras.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário