Enquanto o país pega fogo, Supremo Tribunal Federal delibera sobre pipoca no cinema
Publicado por: Alana Beltrão
As redes sociais repercutiram intensamente nesta quarta a agenda do STF.
A posteridade terá dificuldade em entender. É o triunfo da insanidade.
Nestes dias dramáticos em que uma jovem
democracia enfrenta a iminência de um golpe nascido da vingança de um
psicopata metido em múltiplas roubalheiras, o STF deliberou sobre se as
pessoas podem entrar com pipoca no cinema.
Também a questão da meia entrada foi discutida.
De novo: não é piada.
Faz mais de quatro meses que o
procurador Janot pediu ao STF o afastamento de Eduardo Cunha. Faz ainda
mais tempo que as autoridades suíças entregaram, de bandeja, provas de
contas secretas de Cunha na Suíça.
Tais contas significavam não apenas
corrupção extrema. Mostravam, além disso, que Cunha mentira sob
juramento no Congresso ao dizer que não tinha contas no exterior.
Em tais circunstâncias, o bom senso –
para não falar a decência – impunha que o STF julgasse em caráter de
urgência o caso Cunha.
Mas nada.
Os eminentes jurados estão ocupando seu tempo com a pipoca no cinema.
É um escárnio para o Brasil. Uma bofetada. Melhor: uma cusparada.
Eduardo Cunha teve tempo, graças ao STF,
de fazer todas as coisas típicas de seu arsenal de manobras sujas.
Acelerou o processo de impeachment na mesma medida em que retardou as
ações da Comissão de Ética da Câmara que deve – ou deveria — julgá-lo.
O pior é que nem Dilma e nem Lula têm
como se queixar do STF. Em conjunto, indicaram oito dos onze integrantes
da corte que está aí abusando da paciência dos brasileiros.
Não está nesta conta, evidentemente,
Joaquim Barbosa, indicado por Lula e hoje vivendo de palestras. JB, que
foi um monstro da plutocracia no Mensalão, hoje é ignorado pela mídia,
porque anda falando coisas que nenhum jornal ou revista quer publicar.
Ele fez severos alertas, no Twitter, em relação ao impeachment, por
exemplo.
Outro dos nomeados por Lula, Toffoli,
hoje um militante togado da direita, disse há alguns dias que falar em
golpe é ofender as instituições brasileiras.
Falei já disso. Toffoli mereceu uma esplêndida resposta de Marcelo Rubens Paiva. Nossas instituições, disse MRP, são uma merda.
Elas se autodesmoralizam sem que ninguém tenha o trabalho de ofendê-las.
O STF, por exemplo. Ao darem prioridade a
pipocas no cinema em detrimento de Eduardo Cunha, o que os senhores
ministros esperam? Receber aplausos, juras de amor e reverência? Pedidos
de autógrafos e de selfies na saída das sessões?
Se tivéssemos instituições respeitáveis
não estaríamos na iminência de ver um partido degradante como o PMDB na
beira de tomar o poder depois de uma cruzada descarada da plutocracia em
nome do “combate à corrupção”.
E nem teríamos que suportar as pipocas aparecerem no topo da agenda do STF.
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO
Nenhum comentário:
Postar um comentário