O canadense que se descobriu intersexual ao ganhar barba e menstruar
Ao completar 12 anos de idade, Alec Butler menstruou e
ganhou barba. Tempos depois, ele descobriu ser intersexual, quando o
sexo anatômico, hormonal e genético não é completamente masculino nem
feminino
Alec Butler nasceu em 1959 com o nome feminino de Audrey. E foi
criado como uma menina. No entanto, aos 12 anos, quando entrou na
puberdade, ele percebeu que não era como a maioria das garotas. Junto à
menstruação e aos seios desenvolvidos, Alec começou a ganhar barba. Após
décadas de bullying, em meados da década de 1990 ele se deparou com o
termo intersexual - alguém cujo sexo anatômico, hormonal e genético não é
nem completamente masculino nem feminino - e encontrou sua
identificação. As informações são da rede britânica BBC.
"Eu tinha 12 anos quando a ´ficha´ finalmente caiu: minha barba
começou a crescer e tive minha primeira menstruação. Foi algo realmente
confuso para mim. Meus pais estavam assustados. Levaram-me para alguns
médicos, mas ninguém na pequena cidade do Canadá em que vivia sabia o
que era ser intersexual. Um médico disse que 'era melhor colocá-la em um
sanatório até que ela aprenda a se vestir como uma menina e usar
maquiagem'", disse à BBC.
Embora tenha sido criado como menina e tenha características
femininas, como os seios e a menstruação, Alec sempre foi mais
masculino. Mas ele só teve coragem de mudar o nome de Audrey para Alec e
deixar a barba crescer a partir da década de 1990, quando se tornou um
premiado roteirista e cineasta.
Bullying - Alec nunca teve problemas com a família, que, segundo ele,
sempre foi muito afetuosa e o aceitou. No entanto, a escola foi dura.
"Era bem difícil naquela época para uma menina usar calças compridas.
Senti-me sob pressão para tomar hormônios femininos, apesar de querer
ser menino. Implicavam comigo na escola. Tive problemas porque gostava
de uma garota, e ela gostava de mim também. Tudo deu muito errado porque
eu não era realmente um menino. Me chamavam de lésbica. As crianças
gritavam para mim 'você é doente' e, na sala de aula, recebia
bilhetinhos sugerindo que cometesse suicídio.", conta.
Em 1978, após terminar os estudos, Alec - que na época ainda era
Audrey - mudou-se para Toronto e passou a se apresentar como uma lésbica
masculina. "Era uma forma de formar uma comunidade, encontrar apoio e
me sentir aceita", explica. Mas até isso lhe causou problemas. "Lésbicas
masculinas, infelizmente, são alvo de muito ódio até hoje. Sofria
ameaças diariamente na rua".
Embora tome testosterona, Alec afirma que gosta de seu corpo como é e
não deseja mudá-lo. "Eu gosto de ter seios, mas tomo testosterona por
uma razão de saúde: eu ainda menstruo, apesar de meu médico ter dito que
eu já deveria estar na menopausa. Mas não estou e as menstruações são
fisicamente muito duras para mim", explica.
Para Alec, o aumento no número de jovens canadenses se identificando
como não-binários ou intersexuais é algo a ser comemorado. "Gostaria que
isso tivesse acontecido há 40 anos, pois eu teria tido uma vida menos
traumática.", disse. Ainda segundo ele, a cirurgia para definição do
sexo é mais importante para os pais do que para as crianças intersexuais
em si, mas isso já está começando a mudar.
Fonte: Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário