Sérgio Moro autoriza investigação dirigida a sítio frequentado por Lula
O juiz Sérgio Moro autorizou a Polícia Federal (PF) a abrir um
inquérito exclusivo para investigar as reformas do sítio de Atibaia, que
era frequentado pelo ex-presidente Lula e sua família. A polícia apura
se as obras foram pagas por empreiteiras investigadas na Operação Lava
Jato.
A PF já investigava as reformas em um inquérito ligado à empreiteira
OAS, mas os agentes pediram ao juiz que autorizasse uma nova
investigação, exclusiva, uma vez que provas envolvendo outras empresas e
pessoas físicas passaram a ser analisadas. O documento não cita quem
são os novos investigados.
O documento autorizando a abertura do novo inquérito é sigiloso e foi
assinado por Moro no dia 4 de fevereiro, mas entrou no sistema da
Justiça Federal do Paraná apenas nesta terça-feira (9). O novo inquérito
também deve tramitar sob sigilo.
“Este Juízo não tem óbices à efetivação do desmembramento requerido
pela PF”, afirmou Sérgio Moro ao autorizar a nova investigação.
Bumlai e sítio
Depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo, que também
investiga o caso, apontam que o pecuarista José Carlos Marques Bumlai e
as construtoras OAS e Odebrecht pagaram pela reforma e pelos móveis do
sítio em Atibaia.
Bumlai é dono da Usina São Fernando, que, segundo indicam os
depoimentos, bancou parte da reforma do sítio. Bumlai foi indiciado na
Operação Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e gestão
fraudulenta em um contrato de navio-sonda da Petrobras e está preso no
Complexo Médico-Penal do Paraná.
Os depoimentos foram dados por profissionais contratados para fazer a
obra no sítio. Um deles é Adriano Fernandes dos Anjos, ex-dono da
Fernandes dos Anjos & Porto Montagem de Estruturas metálicas Ltda.
Ele contou aos promotores que prestava serviço para a usina de Bumlai e
que a usina o contratou para fazer uma estrutura metálica na casa do
sítio em Atibaia.
Dos Anjos afirmou que ficou na cidade de 30 a 40 dias e que recebeu
cerca de R$ 40 mil de mão de obra pelo serviço. O pagamento foi feito
pela Usina São Fernando por meio de depósito bancário. O sogro de dos
Anjos confirmou à reportagem que ele trabalhou na obra “por intermédio
do pessoal da usina” de Bumlai.
Escritura do sítio
Os procuradores do MP de São Paulo suspeitam que o ex-presidente Lula
seja o dono do sítio. No papel, os donos são Jonas Suassuna e Fernando
Bittar, sócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente. A
escritura aponta que eles compraram o sítio de mais de 150 mil metros
quadrados por R$ 1,5 milhão.
O nome de Bittar aparece na nota da compra de móveis planejados para o
sítio em uma loja de São Paulo. Em depoimento ao Ministério Público de
São Paulo, um funcionário da loja disse que a OAS pagou a conta de R$
130 mil, mas que a construtora não queria aparecer no negócio.
Outro lado
O advogado de Jonas Suassuna afirma que ele apenas vai se manifestar
perante a Justiça. A reportagem não conseguiu falar com Fernando Bittar.
A OAS e a Odebrecht não se pronunciaram.
A defesa de Bumlai nega que ele tenha assumido a reforma ou indicado
arquiteto e engenheiro. Segundo a defesa, Bumlai apenas indicou uma
construtora para a reforma, que não foi aceita e foi substituída.
Já o Instituto Lula afirma, em nota, que o ex-presidente Lula nunca
escondeu que frequenta em dias de descanso o sítio Santa Bárbara, que
pertence a amigos dele e de sua família. O instituto afirma que não há
nada ilegal nestes fatos, que não servem para vincular o ex-presidente a
qualquer espécie de suspeita ou investigação.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário