Ladrão devolve dinheiro roubado de advogado: “Peço que me perdoe”
A situação é totalmente inédita para o
advogado, que agora se sente “premiado” por ter sido o alvo de um
sentimento de arrependimento de outra pessoa
Por: Ilana Almeida
“Quem
me protege não dorme”. A frase no final do relato feito no Facebook do
carioca Eduardo Goldenberg, 46 anos, é o resumo que ele dá para uma
curiosa história ocorrida no réveillon, em Copacabana, na Zona Sul do
Rio de Janeiro. Depois de ter a carteira furtada no trajeto para a festa
de ano-novo na casa de amigos, o advogado foi surpreendido, na
terça-feira (5/1), com um envelope branco, com quase todo o dinheiro que
estava no objeto subtraído e uma carta com pedido de desculpas do
ladrão.
Ao Correio, ele contou que saiu da casa onde mora,
na Tijuca, na Zona Norte do Rio, para as tradicionais comemorações do
ano-novo. Mas fugiu da regra de levar apenas a chave de casa, dinheiro e
um documento de identificação. “Nesse último réveillon, sem qualquer
razão aparente, saí de casa com a carteira que uso no meu dia-a-dia:
cheia de documentos, carteira da OAB, cartões de banco, da seguradora,
carteira do plano de saúde, do programa de sócio-torcedor do Flamengo,
meus cartões de visita, tudo. E R$ 1.017,00 em dinheiro”, relatou na
internet.
Ao chegar à estação Siqueira Campos, em Copacabana, ele sentiu quando
alguém colocou a mão no bolso esquerdo da bermuda e levou o item de
valor. Não houve tempo para reação, por conta da rapidez do criminoso.
“Nada disso importa, é 31 de dezembro, que façam bom uso do dinheiro,
dos documentos eu peço a segunda via e vamos pra festa que é o que
interessa”, pensou.
No primeiro dia de 2016, ele recebeu uma mensagem pelo Facebook de
uma pessoa que afirmava ter encontrado a carteira dele nas proximidades
de onde o advogado havia passado o réveillon. Eduardo Goldenberg
conseguiu então recuperar a carteira com os documentos, mas sem o
dinheiro e os cartões de visita.
Envelope branco
A surpresa veio na terça-feira (5/1), já que ele não havia ido trabalhar
na segunda-feira (4/1). Segundo o relato dele no Facebook, ao chegar ao
escritório, ele se deparou com um envelope branco fechado, sem nada
escrito nem na frente e nem no verso, com considerável volume dentro.
“Senti que era dinheiro, só no tato. Entrei, já aflito. Tranquei a
porta. Acendi as luzes, sentei-me, pus os óculos, abri com cuidado o
envelope e contei, atônito, R$ 967,00 em dinheiro”.
O ladrão que havia furtado os pertences do advogado ainda deixou um
bilhete manuscrito, contando sobre o arrependimento pelo crime. “Dr.
Eduardo estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no
dia 31 em Copacabana. Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz
Ano Novo. Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha
mãe. Fábio”.
“Soco no estômago”
O empresário contou que o espanto maior foi com a “possibilidade de
encontrar pessoas que ainda tem consciência”. “Nós todos somos
massacrados o tempo inteiro e temos profunda desesperança na sociedade.
Então, uma coisa dessas acontecer é como se fosse um soco no estomago”,
relatou.
Ele também explica que sentiu piedade pela pessoa, mesmo diante de um
crime. “Fiquei mexido, pensando na situação passada por ele, porque não
é fácil fazer o que ele fez. Pensei ainda no tipo de pessoa que poderia
ser, uma criança talvez, por conta da letra, por citar o presente para a
mãe. (…) Não vou saber nunca quem foi, mas fiquei com pena”, disse.
A situação é totalmente inédita para o advogado, que agora se sente
“premiado” por ter sido o alvo de um sentimento de arrependimento de
outra pessoa. “É um grande prenúncio de coisas boas para o ano”,
concluiu.
Correio Braziliense
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