'Não tem uma viva alma mais honesta do que eu', afirma o ex-presidente Lula
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira
(20), em café da manhã com blogueiros, que vai participar "ativamente"
do processo eleitoral nas eleições municipais deste ano. Lula disse que
vai fazer mais política e que as pessoas "vão ver" o desempenho do PT no
pleito, ressaltando que o partido "não está acabado".
"Eu vou fazer mais política. Este ano tem eleições. Eu vou participar
ativamente do processo eleitoral. Tem gente dizendo que o PT acabou,
vocês vão ver o PT. Estou convencido que o Haddad vai ser reeleito, para
ficar no exemplo da maior cidade", afirmou Lula. O café com os
blogueiros foi realizado no Instituto Lula, em São Paulo.
"Eu vou dar palpite, vou falar mais, vou conversar mais com
companheiros. Vou ajudar meu partido a ganhar a eleição", continuou o
petista.
O ex-presidente criticou o que chamou de "tentativa de golpe explícito",
ao comentar o processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff em curso no Congresso.
"Os democratas não podem se transformar com essa tentativa de golpe
explícito, o impeachment da Dilma. Democracia é tão séria que não se
brinca com democracia. Eles [opositores do governo] tentam destruir a
democracia negando a política", afirmou.
Operações policiais
Lula falou também sobre as operações policiais que apuram esquemas de
corrupção no país, em especial a Lava Jato. Para ele, essas
investigações são possíveis porque o governo do PT criou os mecanismos
para que nada fosse jogado "embaixo do tapete".
"Esse processo [investigações] existe na magnitutde que existe porque o
governo criou condições para apurações", disse Lula. "Dilma vai ser
reconhecida por isso", completou.
O ex-presidente, que não é investigado pela Lava Jato, criticou o que
chamou de "execração pública" de alguns investigados. Segundo Lula, a
imprensa "condena" os suspeitos mesmo antes de a Justiça tomar uma
posição. "Os direitos humanos valem para todos os brasileiros. No
Brasil, neste momento, nem habeas corpus as pessoas tem conseguido",
disse.
De acordo com Lula, ele tem ouvido falar que os investigadores, ao
negociarem delação premiada com os investigados, perguntam se têm algo a
dizer contra o ex-presidente. "Eles querem chegar no Lula. Eu tenho
endereço fixo, todo mundo sabe onde eu moro. Se tem uma coisa que eu me
orgulho, neste país, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu.
Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem
dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica. Pode ter
igual, mas mais do que eu, duvido”, disse Lula.
Ele também comentou denúncias de que fez "jogo de influência" a favor de
empresas brasileiras no exterior. Segundo ele, essa prática é "normal"
na atividade de um presidente.
"As pessoas deveiam me agradecer, porque o papel de qualquer presidente
quando viaja é tentar vender serviços de seu país. Essa é a coisa mais
normal. Tem uma tese de que o Lula faz jogo de influência. Como se o
papel do presidente da República fosse ser uma vaca de presépio",
afirmou Lula.
Economia
O ex-presidente falou também sobre o momento econômico pelo qual o país
passa e disse que é preciso Dilma ter "ousadia". Para Lula, o governo
precisa criar condições de retomar o crescimento, controlar a inflação e
aumentar o emprego.
"O emprego deve ser uma obsessão para nós, e a inflação não pode
avançar. Quem perde é o trabalhador, quem ganha são os especuladores.
Precisamos continuar investindo em inovação para o país se transformar
num país que tenha ascendência mundial", afirmou.
Lula ressaltou que a população também tem que fazer a parte dela para a retomada da economia, e não apenas cobrar da presidente.
"Tem que saber que nem tudo resolve por conta do síndico. Nós temos que
ajudar. O povo brasileiro tem que melhorar o humor. As pessoas têm que
perceber que o problema no Brasil não é só da Dilma, envolve todo
mundo, do governo aos empresários. É preciso retomar a autoestima e
deixar o ódio debaixo do tapete", completou o ex-presidente.
Foto: Instituto Lula
G1
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