Entenda os fatores que fazem da internet brasileira ser uma das mais lentas do mundo
Publicado por: Amara Alcântara
Se há muito tempo o Brasil já não é
mais o país do futebol, seria utopia imaginar que algum dia seríamos o
país da banda larga; triste realidade. Em um relatório recém-divulgado
pela Akamai, o país ficou atrás de outras 88 nações, com a “incrível”
velocidade média de 3,4 megabits por segundo. É, nossa internet é mesmo
lenta; o nível está abaixo da média mundial de 5 megabits por segundo e
atrás dos vizinhos Chile, Uruguai e até a Argentina. A fibra ótica que
nos acuda!
Calma! Antes de a gente sair criticando
provedores, governo e tudo o mais o que estiver pela frente dessa nossa
lenta conexão, é importante tentar entender; esses 3,4 megabits por
segundo são apenar um resumo de uma realidade bastante complexa.
O pessoal do Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR adiantou ao Olhar Digital algumas informações de
novos estudos sobre a internet brasileira que o NIC deve divulgar no
segundo semestre.
A grande vilã de toda essa lentidão por
aqui é a infraestrutura; claro, os investimentos feito nela. A maioria
das capitais do país já estão sendo cabeadas por fibra óptica. O
processo é lento e custa caro. Por outro lado, todo o restante do
Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, a fibra ainda é uma
realidade bastante distante. Muitos equipamentos necessários para
aprimorar a infraestrutura precisam ser importados, e chegam ao Brasil
pagando quase 100% do valor de custo em impostos. Além de dificultar o
desenvolvimento da infraestrutura, esse valor acaba sendo frequentemente
repassado para os consumidores.
A Coreia do Sul, pequeno mas evoluído
país asiático, ocupa a primeira posição no estudo da Akamai com
invejáveis 23,6 megabits por segundo de velocidade média; média, hein?
Mas lá a realidade é outra…
Na Coreia do Sul, 84% da população é
conectada, e quase 80% com banda larga. Diversas operadoras oferecem
planos de 1 gigabit por segundo por lá, e o governo tem planos de, até
2020, levar as operadoras a oferecer planos de 10 gigabits por segundo. O
resultado é um público bastante exigente com a qualidade do serviço.
Esta é mais uma diferença gritante da
nossa realidade que contribui para nossa amarga octagésima-nona posição
no ranking. Os brasileiros parecem estar acostumados com “qualquer
coisa”…afinal, é o que tem! A falta de concorrência por aqui nos deixa à
mercê de serviços piores e sem muita perspectiva de melhora.
Sem qualquer intenção de justificar
nossa realidade, o especialista aponta algumas falhas no estudo da
Akamai – como o exemplo de não se medir e comparar a velocidade da
conexão por regiões, uma vez que vivemos em um país continental e com
enorme diferença social.
A Akamai possui uma rede de servidores espalhados pelo mundo. Ela
aluga espaço nesses servidores para clientes que desejem acelerar o
funcionamento de seus serviços na internet. Para elaborar o estudo sobre
a internet mundial, a empresa avalia a média da velocidade de conexão
dos usuários para baixar os conteúdos de seus servidores distribuídos ao
redor do globo. A principal crítica do nosso entrevistado em relação ao
estudo tem a ver com o tamanho do arquivo baixado para avaliar a
conexão de cada país.
Por esse motivo, o tamanho dos arquivos
baixados influencia o resultado do estudo. Se, no país A, os usuários
baixarem apenas arquivos pequenos dos servidores da Akamai, e no país B
eles baixarem apenas arquivos muito grandes, a velocidade média no país B
será maior – mesmo se a velocidade contratada pelos usuários for a
mesma.
A velocidade da banda larga também está
lá no relatório da Akamai; o Brasil ficou na 82ª posição , com uma média
de 2,5 megabits por segundo, dessa vez atrás de Venezuela e Paraguai.
É, não está fácil viver conectado por aqui.
E aí, qual é a sua realidade? Será que
mais concorrência é a saída para termos uma banda larga um pouquinho
mais “larga”?! Ou faltam incentivos do governo e infraestrutura?
Comente, meta a boca no trombone, participe.
OlharDigital

Nenhum comentário:
Postar um comentário