PMDB VIVE INFERNO ASTRAL: Seus principais líderes podem ser presos

Do Correio Braziliense
Com os principais nomes do partido fragilizados, a legenda enfrenta
racha interno e não tem definição clara sobre os rumos que tomará em
2016: se apoia ou não o impeachment da presidente Dilma
Nem mesmo o recesso parlamentar deve esfriar o inferno astral pelo
qual passa o PMDB diante a uma grave crise interna. A aproximação das
investigações da Operação Lava-Jato a nomes expressivos do PMDB desgasta
a imagem do partido e reforça o clima de divisão dentro da legenda.
Além das denúncias de corrupção, a sigla enfrenta o impasse sobre apoiar
ou não o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que tem se refletido
na disputa pela liderança da bancada na Câmara.
Para o analista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, o
mais provável é que a médio prazo permaneça a falta de coesão dentro da
legenda. “As ações da Lava-Jato provocam uma desagregação que dificulta
acordos políticos e aumentam a incerteza em relação ao poder de cada
um”, afirma. Ele lembra que a iminência de novas denúncias reforça o
clima de insegurança e dificulta o estabelecimento de uma posição
consensual para definir uma estratégia única.
O envolvimento nos desvios de recursos da Petrobras tem manchado a
imagem do partido junto à população. “Toda essa onda de Lava-Jato tem
prejudicado que o PMDB se construa como uma alternativa ao governo Dilma
(no caso de impeachment)”, afirma Cortez. De acordo com pesquisa
Datafolha divulgada na semana passada, 58% dos entrevistados consideram
que Temer faria uma administração igual ou pior à da petista, caso
assumisse o Planalto. Ainda há o fato de os brasileiros verem a legenda
como sem ideologia, o que é uma dificuldade para emplacar um candidato
próprio em 2018.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, teve os sigilos fiscal e
telefônico quebrados a pedido da Procuradoria-Geral da República. Já o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é denunciado por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro e enfrenta processo por quebra
de decoro parlamentar no Conselho de Ética. São tantos indícios de
irregularidades, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu seu afastamento do mandato.
Na avaliação do cientista político Ricardo Caldas, os embates
públicos de Renan com Temer e Cunha são “jogo de cena” e que ele recuará
porque depende da legenda para definir que cargo ocupará quando sair da
Presidência do Senado. “Ele precisa do PMDB porque o presidente do
partido é que vai lhe dar abrigo no momento em que precisar. O cargo
dele não é para sempre. Vai concorrer de novo? Vai ser líder do PMDB?”,
questiona.
Reflexos
Para Caldas, a recondução do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à
liderança da bancada na Câmara terá reflexos na retomada do recesso
parlamentar, uma vez que metade dos deputados peemedebistas estão
descontentes com a reviravolta. “Ele conseguiu voltar com o apoio da
presidente e certamente o partido não vai deixar barato e vai dar o
troco no ano que vem”, afirmou. Com o objetivo de barrar novas filiações
que pudessem fortalecer a lista pró-Picciani, a Executiva Nacional do
partido criou uma barreira para novas filiações.
Somado a esse cenário, há a expectativa de que a convenção da sigla,
prevista para março, seja antecipada para fevereiro ou mesmo janeiro. No
evento, será definido se haverá o rompimento formal com o governo,
ideia defendida por diversos integrantes. De acordo com levantamento
interno, há apoio de dois terços dos diretórios estaduais, número
necessário para a convocação. “A decisão formal sobre a posição do
impeachment também pode unir o partido contra a Dilma”, afirma Caldas.
Correio Braziliense
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