Sociedade de Edir Macedo e Silvio Santos vai a julgamento em tribunal

No início do mês, a superintendência-geral do Cade havia
aprovado a criação da empresa, que irá negociar o sinal digital das três
redes, mas a operadora Sky e a ABTA (Associação Brasileira de Televisão
por Assinatura) recorreram da decisão, levando o processo para o
tribunal administrativo. O assunto agora será julgado por seis
conselheiros do Cade, o que pode demorar até meados do ano que vem. Até
lá, a empresa não poderá ser legalmente constituída. Para Sky e ABTA, as
três emissoras são concessionárias de serviço público e gratuito e não
podem cobrar por ele.
Em julho, SBT, Record e RedeTV! apresentaram
ao Cade pedido para criar uma empresa para negociar conjuntamente seus
sinais de TV aberta digital. Pela nova legislação (lei 11.485/2011), as
TVs abertas não são mais obrigadas a fornecerem gratuitamente seus
sinais digitais para as operadoras de TV paga. Elas podem cobrar por
isso, como já faz a Globo. O sinal digital ganhará maior relevância a
partir do ano que vem, quando os canais analógicos começarão a ser
desligados.
Prestadoras de TV por assinatura, como Net, Sky, Claro
e Oi, bem como a ABTA e a NeoTV (representante das pequenas
operadoras), apresentaram ofícios ao Cade protestando contra a joint
venture de SBT, Record e RedeTV!. O principal argumento é o de que a
união das três emissoras representa risco à concorrência e poderá levar à
prática de preços abusivos, obrigando as operadoras a abrirem mão de
três redes que, juntas, representam 17% da audiência de toda a TV paga,
ou a aumentar os preços de seus pacotes de canais.
As emissoras
discordam. Afirmam que irão cobrar apenas o preço justo por seus sinais.
Argumentam que não lhes interessa ficar fora da TV por assintura,
porque a audiência que elas têm no cabo e no satélite é relevante (37%
do total) e qualificada. Os advogados da joint venture chegaram a
apresentar um estudo mostrando que o SBT perderia cerca de 40% de seu
faturamento anual, ou R$ 400 milhões apenas em São Paulo, se fosse
excluído de todas as operadoras do país.
TV aberta tem de ser gratuita, diz Sky
No
recurso apresentado ao Cade, a Sky afirma que a superintendência-geral
do órgão “passou ao largo das relevantes preocupações concorrenciais” ao
aprovar a joint venture das três redes, no início de outubro.
Reafirmou
que a empresa representa “potencial anticompetitivo”. Entre outros
argumentos, a Sky destacou que SBT, Record e RedeTV! são concessionárias
de radiodifusão, “um serviço público que permite a transmissão de sons e
imagens, destinando-se à recepção direta e livre pelo público em
geral”. Em outras palavras, elas não poderiam cobrar pelos seus sinais. A
Sky citou relatório do ministro Ayres Britto, do Supremo Tribunal
Federal, afirmando que “a televisão digital” não é “um novo serviço ante
a TV analógica”. Ou seja, nada muda juridicamente com a TV digital.
Em
sua petição, a ABTA também lembrou que as três redes são
concessionárias de serviço público gratuito e irrestrito e apontou
falhas no parecer da superintendência-geral do Cade que aprovou a fusão
das três redes. Para a ABTA, não ficou claro na decisão do Cade quais
serão os canais que as três emissoras poderão comercializar (além de
seus sinais digitais, elas pretendem criar novos canais, e há as
afiliadas e retransmissoras país afora). A entidade também aponta uma
“análise incompleta e contraditória” sobre os mercados que as emissoras
atuam (TV aberta, paga e publicidade).
Uol
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