Ladrão se arrepende e devolve pertences com bilhete de desculpas
O
1º de julho poderia ter sido mais um dia comum para a auxiliar de
serviços gerais Eva da Silva Alves, de 36 anos. Trabalhou, foi à escola
onde cursa o ensino fundamental e, para fechar a noite, foi até a
igreja. Porém, por volta das 21h40, quando já havia chegado à rua onde
mora, no bairro Jardim dos Comerciários, em Belo Horizonte, foi abordada
por um criminoso que exigiu todos os seus pertences.
– Fiquei sem
reação. Ele me ameaçou com um objeto que estava em sua cintura e pediu a
minha mochila, onde estavam todos os meus documentos, material escolar,
uniforme, contracheque e dois aparelhos celulares. Como estava sem
dinheiro, fiquei com muito medo de ele se irritar. Mas, no fim das
contas, ele só mandou que eu andasse rápido e não olhasse para trás –
conta Eva, destacando que, após o crime, registrou ocorrência em uma
delegacia próxima.
Porém, algo imprevisível aconteceu. Na
sexta-feira, dois dias após o crime, recebeu a ligação de uma
funcionária da creche próxima a sua casa avisando que seus pertences
haviam sido encontrados na unidade, com direito a um bilhete pedindo
perdão pelo ato.
– Ele escreveu um bilhete na primeira folha do
meu caderno, pedindo perdão, dizendo que foi um ato de desespero porque
havia sido demitido. Ele devolveu quase tudo, só faltaram os dois
aparelhos de celular. Pedi muito a Deus que tocasse nele, que devolvesse
minhas coisas, mas não esperava. Fico emocionada só de lembrar – conta a
auxiliar de serviços gerais.
No entanto, apesar de o criminoso
ter levado dois celulares, Eva diz que seus pertences de maior valor, os
materiais escolares, foram devolvidos. A auxiliar conta que só
conseguiu cursar até o quarto ano quando era mais jovem, mas nunca
desistiu do sonho de estudar. E agora está quase concluindo o ensino
fundamental.
– A gente trabalha, se esforça para estudar, e um
ladrão leva dois meses de estudo embora? É muito difícil conciliar minha
rotina de trabalho e minha vida pessoal com a escola. Tenho dois
filhos, sou casada, não é fácil. Mas estudar, para mim, é muito
importante, pois não tive essa oportunidade quando era mais nova –
lembra Eva, que planeja concluir o ensino médio nos próximos anos.
No
bilhete, o ladrão arrependido escreveu:“Senhora, começo pedindo perdão!
Só roubei a senhora porque estava passando necessidade e fui mandado
embora do emprego. Quase chorei quando vi os pães na mochila e a foto
dos seus filhos pequenos. Sei que não justifica meu erro, mas não tinha
intenção de lhe machucar. Sou ex-evangélico. Me perdoe, por favor?”.
Questionada se perdoou o homem depois de tudo, Eva é categórica.
– Perdoei, sim. Peço a Deus que ele arrume um trabalho e que não faça isso com mais ninguém.
Extra
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