O
artesão Luciano Semeão, de 39 anos, não gostava de empinar pipa quando
criança. Mas o sonho de ver o mundo que os pássaros enxergam o fez mudar
de ideia e usar a criatividade. Com tecido de náilon, bambu, uma câmera
de alta resolução suspensa em uma linha e coragem de arriscar, o
morador de Cajuru (SP) criou um equipamento de baixo custo que apelidou
de "drone caipira".
A
invenção, que não passou de R$ 15, segundo Semeão, há dois meses foi a
saída encontrada para registrar paisagens lá de cima e matar um pouco a
vontade de voar sem desembolsar o mesmo que gastaria com um equipamento
profissional - encontrado por preços que variam de R$ 200 a R$ 20 mil.
“Eu
sempre tive fascínio por voar. Sempre imaginei como seria lá de cima,
mas não tinha dinheiro para comprar um drone ou voar. Eu já tinha uma
câmera e comecei a inventar umas coisas pra erguê-la”, conta o artesão.
Sem
condições de pagar por aulas para ser piloto de avião ou comprar uma
asa-delta, Semeão começou imaginando coisas que pudessem elevar com
segurança sua câmera o mais alto possível. Depois de descartar
improvisos como um balão de hélio e de se frustrar com uma pipa comprada
pela internet, aprendeu a costurar e confeccionou a sua própria com um
tecido de náilon, resistente para suportar o peso de seu equipamento de
filmagem e com armações para não fechar com a força do vento.
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Foto área de Cajuru, SP, registrada com 'drone caipira' (Foto: Luciano Semeão) |
Uma
noite foi o suficiente, de acordo com o artesão, para se chegar ao
"protótipo", mas não o bastante para que, de primeira, sua ideia
funcionasse. Acidentes ocorreram entre uma e outra investida e quase o
deixaram no prejuízo. "Minha câmera tem sete vidas. Ela se perdeu, já
caiu, foi atropelada na pista. Vai ver que ela gosta de voar. Ela foi
feita pra isso", diz o artesão.
Hoje,
sua invenção - inclusive com uma carretilha feita por ele - é capaz de
alcançar em média 300 metros de altura e já registrou paisagens da
região de Ribeirão Preto (SP), como o Rio Pardo e áreas em Cajuru e Santa Rosa de Viterbo (SP).
“É
um prazer indescritível comandar a pipa. Esqueço de tudo, esqueço das
contas. É como se eu estivesse lá em cima. E é bom porque o que está
sendo registrado lá, só vamos saber quando chegar em casa. Sempre uma
surpresa boa”, afirma.
Ainda
de olho em melhorias para seu "drone caipira", ele planeja fazer
imagens em todos os estados, incluindo paisagens naturais como a
Cachoeira Casca D'anta, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Seu sonho
de voar, e chegar ao ponto em que hoje apenas sua câmera chega, caminha
com seu novo passatempo. "É uma brincadeira e uma curiosidade."
O
uso de drones no Brasil depende de autorização da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), que ainda está analisando uma proposta para
regularmentar os voos. A Aeronáutica também deve ser comunicada com
antecência para evitar acidentes aéreos. Voos em áreas próximas a
aeroportos e habitadas são proibidos pela legislação.
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Imagem feita com o 'drone caipira' da cachoeira de Cássia dos Coqueiros (Foto: Luciano Semeão) |
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Pipa com câmera acoplada na linha ganhou o apelido de drone caipira (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV) |
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O artesão Luciano Semeão inventou drone caipira com pipa (Foto: Cláudio Oliveira/EPTV) |
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