Morre o produtor e diretor Roberto Talma
Morreu na madrugada desta quinta-feira, aos 65 anos, o diretor da TV
Globo Roberto Talma. Ele estava internado desde março no Hospital
Samaritano, em Botafogo. A causa da morte foi falência múltipla dos
órgãos.
Desde 2002, Talma teve mais de uma internação por conta de infarto. A
mais recente foi em 2012, quando se submeteu a uma angioplastia. O
diretor deixa um filho, Rafael Talma, de seu casamento com a atriz Maria
Zilda Bethlem.
O jornalista Luís Erlanger e a cantora Preta Gil foram alguns dos que lamentaram a morte de Talma nas redes sociais.
Roberto Talma Vieira nasceu no dia 29 de abril de 1949, em São Paulo.
Sua família era proprietária de um circo no interior do estado. A mãe
era bailarina e o pai trabalhou na televisão e foi coordenador de
programação da TV Rio. Começou a carreira profissional aos nove anos, na
TV Record paulista, integrando um grupo de sapateado que se apresentava
no programa “A grande gincana Kibon”. Naquela emissora, conheceu o
diretor Nilton Travesso, com quem trabalharia, anos depois, na Globo, na
edição dos primeiros videoclipes do “Fantástico”.
No início da década de 1960, mudou-se com a família para o Rio, onde
conheceu Walter Clark, diretor da TV Rio. Por intermédio do executivo,
trabalhou durante algum tempo na antiga emissora, passando também pela
Excelsior e pela Tupi, até ser contratado pela Globo, em 1969.
Talma começou como operador de videoteipe, participando do núcleo de
jornalismo da emissora, em telejornais como o “Jornal Nacional”, o
“Jornal Hoje” e o “Jornal da Globo”. Também fez parte da primeira equipe
do “Fantástico”, em 1973, e editou programas como o “Globo repórter” e,
na linha de shows, o “Globo de ouro”.
Ainda no início da década de 1970, foi transferido para o núcleo de
dramaturgia, onde passou a editar e a trabalhar com o diretor Daniel
Filho. Em 1972 deixou a emissora por seis meses para trabalhar na TV
Tupi, em São Paulo. Seu retorno se deu na novela Selva de Pedra (1972),
de Janete Clair, dirigida por Walter Avancini. A parceria entre os dois
duraria oito anos, e Talma atuaria como editor, assistente de direção e
codiretor.
Nesta época, Roberto Talma também codirigiu novelas com Paulo
Ubiratan. Em 1975, foi convocado por Walter Avancini para ser o diretor
principal de “O grito”, de Jorge Andrade.
Em 1976, logo depois de dirigir “Saramandaia”, de Dias Gomes, voltou a
deixar a Globo, para voltar para a Tupi. Durante 11 meses dividiu com
Gilberto Motta a direção do programa São Paulo, Túmulo do Samba (1977),
espécie de documentário musical escrito por José Ramos Tinhorão, sob a
supervisão de Maurício Sherman. O retorno à Globo o levou a ser diretor
de shows no “Fantástico”, ficando responsável pela produção e direção
dos clipes musicais semanalmente apresentados no programa.
No final dos anos 1970, transferiu-se para a TV Bandeirantes, onde
dirigiu o programa Rosa e Azul, com Débora Duarte e Antônio Marcos. Seis
meses depois, convocado por Walter Avancini para dirigir a novela “Pai
herói” (1979), de Janete Clair, e “Água viva” (1980), de Gilberto Braga,
voltou à Globo. Em ambas ocasiões trabalhou ao lado de Paulo Ubiratan,
com quem dividiria a direção de várias novelas de grande sucesso na
década de 1980, como “Coração alado” (1980), de Janete Clair; “Baila
Comigo” (1981), de Manoel Carlos; e “Jogo da Vida” (1981), de Silvio de
Abreu.
Roberto Talma e Paulo Ubiratan também foram os responsáveis pela
preparação de dois novos diretores da Globo, Guel Arraes e Jorge
Fernando, que trabalharam como seus assistentes em novelas como “Sétimo
sentido” (1982), de Janete Clair, e “Sol de verão” (1982), de Manoel
Carlos.
Em 1982, trabalhou novamente na TV Bandeirantes, onde foi produtor de
tramas como “Campeão” (1982), de Jaime Camargo e Marcos Caruso; e Braço
de Ferro (1983), de Marcos Caruso. Voltou para a Globo, em seguida,
assumindo o cargo de diretor executivo da Central Globo de Produção. Foi
responsável pela criação de seriados como “Armação ilimitada” (1985) e
“Tarcísio & Glória” (1989) e das minisséries “Anos dourados” (1986),
de Gilberto Braga; Sampa (1989), de Gianfrancesco Guarnieri; “Boca do
lixo” (1990), de Silvio de Abreu; e “O sorriso do lagarto” (1991), de
Walther Negrão e Geraldo Carneiro.
Como diretor executivo, cuidou de novelas como “Brega & chique”
(1987) e “Que rei sou eu?” (1989), ambas de Cassiano Gabus Mendes;
“Rainha da sucata” (1990), de Silvio de Abreu; e “De corpo e alma”
(1992), de Gloria Perez. Na década de 1990, foi responsável por diversos
Casos Especiais e episódios do interativo “Você decide” (1992), além do
humorístico “Casseta e Planeta, urgente!” (1994) e da criação do
seriado infanto-juvenil “Malhação” (1995).
Em 1992, dirigiu a novela “Perigosas Peruas”, de Carlos Lombardi, na
qual também atuou, pela primeira vez, como diretor artístico. No ano
seguinte, desempenharia essa função na novela “Renascer”, de Benedito
Ruy Barbosa.
Roberto Talma deixou a Globo em 1995 para se dedicar a projetos
pessoais, que incluíam a criação de uma produtora independente. Voltou
quatro anos depois, quando assumiu o núcleo de programas infantis da
Central Globo de Produção. Cuidou de atrações como “Gente inocente”
(1999), “Flora encantada” (1999), “Bambuluá” (2000) e a segunda versão
do “Sítio do picapau amarelo” (2001). Sob sua responsabilidade também
estiveram diversos programas de outras linhas da emissora, como o
“Domingão do Faustão”, o “Fantástico” e o programa Linha Direta, criado
em 1999.
A partir de meados da década de 1980, Roberto Talma passou a dirigir
inúmeras atrações especiais da linha de shows da Globo. Comandou o
programa em homenagem aos 60 anos do maestro Tom Jobim, Antonio, o
Brasileiro (1987), que recebeu o Grande Prêmio na 30ª edição do Festival
Internacional do Filme e Televisão de Nova York.
Em outubro de 2002, o diretor teve um infarto e foi internado às
pressas em uma clínica de Botafogo, no Rio de Janeiro. Não ficou muito
tempo afastado da televisão. Menos de dois meses depois, assinava a
direção-geral do especial de fim de ano com o cantor Roberto Carlos. No
teatro, em 2006, dirigiu as atrizes Maitê Proença e Clarice Derziê na
peça “Achadas e perdidas”, baseada no livro “Os ossos e a escritura”, da
própria Maitê Proença.
Na Globo, em 2007, o núcleo de produção do diretor Roberto Talma foi
responsável por dois programas inicialmente concebidos como especiais de
fim de ano, mas que, em seguida, entraram na grade de programação da
emissora: Faça Sua História, escrito por João Ubaldo Ribeiro e Geraldo
Carneiro, e o sitcom Guerra & Paz, de Carlos Lombardi. Entre outros
programas de responsabilidade do núcleo dirigido por Roberto Talma nos
últimos anos, estiveram as novelas “Negócio da China” (2008), “Vida
alheia” (2010), o remake de “O astro” (2011), “Aquele beijo” (2011). Em
2011, Roberto Talma foi o diretor-geral da microssérie “Amor em 4 atos”,
com quatro episódios inspirados em canções de Chico Buarque. No mesmo
ano, assinou, junto com Rafael Dragaud, o roteiro e a direção do
especial Ivete, Gil e Caetano.
Em 2012, Roberto Talma assumiu a direção de núcleo da novela
“Gabriela”. O remake, exibido às 23 horas e baseado no livro “Gabriela
cravo e canela”, homenageou o centenário de nascimento do escritor Jorge
Amado. Em 2013, Roberto Talma produziu o filme “Dores de Amores”, com
direção de Raphael Vieira.
Globo
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