Ministério Público instaura procedimento para apurar camiseta de Luciano Huck
Após
a polêmica envolvendo a venda da camiseta infantil com a estampa Vem ni
mim que eu tô facin, no site Use Huck, do apresentador da Rede Globo
Luciano Huck, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) resolveu
instaurar um procedimento para apurar o caso. Em nota, o órgão explicou
que o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância
e Juventude recebeu denúncia referente à comercialização da peça “com
frase inadequada utilizando a imagem de uma criança e, imediatamente,
distribuiu a uma das promotorias de Justiça da Tutela Coletiva, para
adoção das medidas cabíveis”.
A camiseta, que era vendida por R$ 59,90 e fazia parte de uma coleção de
Carnaval, foi retirada do site na terça-feira. Uma mensagem com pedido
de desculpas aparece para quem acessa a página de vendas. “(...)
sentimos muito por todos que foram ofendidos pela imagem.Este comunicado
não tem o objetivo de justificar o injustificável; mas apenas de
explicar o motivo do erro, para que fique claro que não houve qualquer
intenção maldosa”. A nota destaca ainda que o item fazia parte da
coleção adulta de Carnaval e a estampa foi reutilizada na coleção
infantil sem uma avaliação. “Assim que percebemos esse lamentável erro,
imediatamente retiramos a imagem do ar”, diz um trecho da carta de
explicação.
Na internet, várias pessoas fizeram críticas à estampa e mencionaram que
ela poderia ser interpretada como um incentivo à pedofilia.
Especialista em violação de direitos, a psicóloga Tânia Braga alerta que
esse tipo de frase pode ser, sim, um estímulo ao abuso. “As pessoas
pensam que a violência se dá apenas com o estupro, o que não é verdade.
Não é preciso ocorrer o ato sexual de fato. O toque e a procura à
criança são atitudes consideradas abusivas e que têm consequências
desastrosas até a vida adulta”, explicou.
O desembargador Siro Darlan, coordenador das Varas da Infância e
Juventude e Idoso, considera que houve uma apelação desnecessário. No
entanto, o magistrado acha louvável o fato de a empresa ter retirado a
venda do produto da página. “Foi uma infelicidade grande. Mas quero crer
que o Luciano (Huck) não tem nenhuma responsabilidade sobre isso,
porque o perfil dele é de um empresário com ações sociais”, afirmou o
desembargador. “A empresa demonstra que as pessoas erram e se retratam.
Isso é importante num momento em que há um empenho para evitar a
violência contra a criança e o adolescente”, completou Darlan.
Ideia infeliz e criminosa, que incentiva a pedofilia
Fundador da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho
Federal da OAB e consultor da ONG internacional Aldeias Infantis SOS, o
advogado Ariel de Castro Alves classificou a ideia da Use Huck de
“infeliz e criminosa, que incentiva a pedofilia”.
“Tratá-se de um crime, configurado no artigo 286 do Código Penal. É uma
forma de incitação, estimulação ou instigação à prática de estupro de
vulneráveis. Cabe ao MP tomar providências”, disse Ariel, ressaltando
que o infrator pode pegar de três a seis meses de prisão ou multa a ser
estipulada judicialmente.
De acordo com o advogado, os responsáveis pela grife podem ser punidos
ainda com pena que pode variar de seis meses a dois anos de detenção,
conforme o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“Esse artigo diz que é responsabilidade de quem tem a guarda ou
vigilância da criança ou adolescente a exposição a vexame ou
constrangimento”, observa.
Dados do Disque 100 mostram que Rio e São Paulo lideraram o ranking das
91.342 denúncias de violações infantis em 2014. A violência sexual foi
relatada em 25% dos 22.840 casos, sendo a maioria relativa a crianças do
sexo feminino, entre 8 e 11 anos de idade.
O Dia e IG
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